O cosmopolitismo e a insensatez (1860-1882): a loucura como conformidade cultural no Rio de Janeiro de Machado de Assis.
AUTOR(ES)
Ádamo Guedes Santos de Moraes
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
Essa dissertação discute porque e como Machado de Assis, em O Alienista, registra uma certa proximidade cultural da corte carioca com a França e com a Inglaterra, entre 1881 e 1882. Para isso, consideramos, em nosso estudo, que alguns recursos narrativos, trabalhados nesse conto, são desenvolvidos nas circunstâncias socioculturais vivenciadas pelo autor, entre as décadas 1860 e 1880. De fato, é no processo de sua acomodação ás oportunidades de trabalho que lhes são oferecidas, na condição de cronista e de tradutor da literatura francesa e inglesa, que a ironia, o tom dialogal, o teatro imaginário e o ceticismo são desenvolvidos e trabalhados por Machado de Assis, em O Alienista. A partir desse conto, Machado de Assis trata, como loucura, o consumo sem limites de manufaturas importadas da França e da Inglaterra, bem como o projeto de identidade nacional, sob a influência da relação entre o Romantismo rousseauniano e o Positivismo, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), e algumas propostas políticas de intelectuais ligados a Faculdade de Direito do Recife, apoiado no Evolucionismo e no Darwinismo Social, e da Faculdade de Direito de São Paulo, amparado por idéias oriundas do Positivismo e do Liberalismo, como solução para promover o progresso cultural do Brasil. Desse modo, é no contexto do Segundo Reinado, caracterizado por um triunfo marcante do cosmopolitismo na corte, que Machado de Assis organiza personagens para ironizar com essa característica a partir de uma metodologia velada, aprendida com Poe (1981), com uma postura engajada sob a influência de Hugo (1982), e com uma proposta de reflexão orientada pela filosofia cética de Pirro (2007). Enfim, ao dramatizar a vida da corte a partir de O Alienista, Machado de Assis parece sugerir que a suposta causa do atraso cultural do Brasil, quando comparado com a França e a Inglaterra, não é racial, mas moral e político.
ASSUNTO(S)
assis, machado de, 1839-1908 crítica e interpretação contos - literatura brasileira crítica e interpretação assis, machado from, 1839-1908 criticism and interpretation historia short stories - brazilian literature criticism and interpretation
ACESSO AO ARTIGO
http://bdtd.biblioteca.ufpb.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=165Documentos Relacionados
- Crafts solidarities : the mutualist experience in the Imperial Rio de Janeiro (1860-1882)
- O NACIONAL COSMOPOLITISMO DE MACHADO DE ASSIS
- A DUPLICIDADE DE CARÁTER DA NATUREZA HUMANA NO CONTO O ENFERMEIRO, DE MACHADO DE ASSIS.
- Construction and implications of contrasts in O Alienista, by Joaquim Maria Machado de Assis.
- O Rio de Janeiro em Esaú e Jacó, de Machado de Assis