O corpo na história e o paradigma biomédico na mudança curricular da fisioterapia

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O século XX terminou com significativos avanços no setor saúde no Brasil a partir da implementação do SUS. A mudança no modelo de atenção, onde se assume uma concepção ampliada de saúde, trouxe como conseqüência, além da reforma dos comprometidos com a realidade social e também com perfil e habilidades de operacionalização dessas transformações. O objetivo principal desse trabalho é analisar a construção histórico-antropológica do conhecimento sobre o corpo e a influência do modelo biomédico no âmbito da formação do fisioterapeuta da Universidade Estadual de Londrina. Busca-se avaliar quais modificações as mudanças curriculares realizadas visam alcançar, assim como identificar as ideologias subjacentes na busca do perfil profissional almejado de acordo com as diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Fisioterapia: generalista, reflexivo e humanista. O foco de análise serão os currículos de 1992 e o de 2006. Nesse sentido, necessidade de compreender o fenômeno social que perpassa o corpo, enquanto lugar da materialidade das ações de saúde faz-se presente, pois é por meio das representações corporais atreladas às de saúde que se pode observar as práticas hegemônicas da biomedicina, enquanto reducionismos e fragmentações dos saberes. Assim, o saber biomédico assume uma postura normativa, já que centrado na biologia individual, desvincula arbitrariamente o contexto sócio-cultural no qual a doença é elaborada e o corpo percebido. Esta dissertação pauta-se nas metodologias da pesquisa qualitativa, com recurso de entrevistas em profundidade, levantamento bibliográfico e documental e análise de conteúdo. Foi possível observar, através da análise das entrevistas, que existe uma preocupação por parte do corpo docente com uma abordagem que contemple o paciente na sua totalidade. Contudo, o discurso apresenta-se, muitas vezes, de forma contraditória, pois oscila entre dois pólos: de um lado, a realidade técnica e a exigência de um saber especializado imposto por essa realidade e pautado na pregnância de um modelo hegemônico de longa duração; e, por outro lado, a necessidade de práticas mais humanizadas frente à insatisfação da sociedade em geral devido a uma tendência à coisificação do ser nesse desenrolar histórico. Apesar das mudanças, ainda são tímidas as iniciativas que possam dar conta ou relativizar o conhecimento sobre o corpo em outras culturas e realidades sociais, tendo em vista que as disciplinas do eixo das Ciências Sociais e Humanas, pouco representadas na nova estrutura curricular e pouco articuladas às outras, talvez não consigam promover com efetividade a esperada mudança no sentido de formar um profissional de isioterapia generalista, reflexivo e humanista.

ASSUNTO(S)

corpo humano - aspectos sociais antropologia e saúde fisioterapia currículos - mudança. physiotherapy human body - social aspects curriculum change.

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