O corpo como matriz pedagógica

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

01/12/2010

RESUMO

A conjuntura contemporânea alicerçada no saber capitalístico conflui para a inconsciência corporal que nos faz ver, sentir, saborear, ouvir, ser em/aos pedaços. A razão descorporificada legitima e legisla modos de ser e de viver socialmente e tem como desdobramento a desumanização das relações humanas, causando dor e sofrimento. O objetivo deste trabalho é discutir o corpo como matriz pedagógica mediante elementos imagísticos/artísticos: música, pintura e literatura. As metáforas levam a um auto conhecimento da subjetividade humana e nos aproxima do caleidoscópio do saber sensível e possibilitam aprender a aprender com as infinitas combinações de imagens, conhecimentos, sentimentos e visões de mundo. A música Memória da Pele vem na voz de Maria Betânia falar das lembranças que não são minhas, mas estão em mim tatuadas na memória da pele, cantando as recordações de um amor vivido de quem tenta esquecer racionalmente, mas que o corpo teima em lembrar. É uma senha para pensar no que somos. O conto de Clarice Lispector, intitulado Miss Algrave, narra a história de vida de uma mulher solteira e virgem, e seu encontro com um extraterrestre chamado Ixtlan. Até então, ela que vivia como se todos os dias fossem uma segunda-feira, se viu seduzida pelo prazer em ter um corpo em contato com outro corpo, o que lhe permitiu também dar visibilidade aos corpos dos outros. Tinha repúdio pela imoralidade que os corpos dos outros e o seu transpiravam. A descoberta do corpo traz lições importantes para a enfermagem, envolvendo o nosso e os outros corpos. A tela cama voadora ou o Hospital Henry Ford, de Frida Kahlo, é nossa última metáfora. A experiência traumática do aborto é mostrada nessa tela através da pintura da artista nua em cima de uma cama de hospital. Essa tela nos convida a refletir sobre nosso processo de trabalho. Precisamos pensar na multidimensionalidade do ser e aceitar o convite da arte, para que a leveza nos confronte com o peso imposto pelo ideário hegemônico. Acredito não ser uma única visão, mas as muitas visões que devam fundamentar os saberes e fazeres da enfermagem; o que importa é que sejam eles tecidos no diálogo, na democracia, na condição de protagonismo dos sujeitos envolvidos nesse processo, na errância e incerteza, na religação, na solidariedade, na pluralidade. Para tanto, o corpo deve ser o grande pedagogo capaz de ser olhado não como uma tapeçaria vista pelo direito, como vê o saber lógico, mas vista pelo avesso em suas tramas singulares, irregulares, descontínuas

ASSUNTO(S)

educação em enfermagem corpo humano metáfora enfermagem education nursing human body metaphor

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