O CONTRASTE ENCOBERTO DE VOZEAMENTO EM UM CASO DE DESVIO FONOLÓGICO

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/03/2011

RESUMO

Neste trabalho, investiga-se a existência do contraste encoberto de vozeamento nas plosivas não-vozeadas [p], [t], [k], e vozeadas [b], [d], [g] do Português brasileiro, na fala de um sujeito com desvio fonológico. As plosivas foram os segmentos selecionados como alvo desta investigação após análise de oitiva das produções de fala espontânea da informante, a qual apresentou trocas e omissões percebidas auditivamente nestes segmentos no que diz respeito à sonoridade. Previamente, a informante passou por sessões de gravação de fala a partir do instrumento de Yavas, Matzenauer-Hernandorena e Lamprecht (2001), em que o falante elicita a mostra dos segmentos através da nomeação espontânea. Para compreender o comportamento da sonoridade das plosivas percebido auditivamente, utilizou-se dos princípios da Teoria Autossegmental, a qual formaliza a estrutura dos segmentos através da geometria de traços. Utilizou-se o modelo de Clements e Hume (1995), o qual apresenta um diagrama arbóreo em que o traço [voz], alvo de estudo desta pesquisa, possui valor binário, ou seja, o desligamento do traço [+voz] implica a ligação com o traço [-voz], o que pode explicar o fenômeno percebido auditivamente nas produções da informante. Após essa etapa, analisou-se acusticamente as características espectrais das plosivas na fala espontânea da informante através do software Praat (BOERSMA; WEENINK, 2010). Foram investigadas pistas fonéticas (VOT tempo de início do vozeamento, o tempo de closura das plosivas e a frequência fundamental) que o falante pode seguir para a aquisição do contraste fonológico de sonoridade. Através das medições, obteve-se os valores em ms para cada segmento, considerando-se como variáveis a tonicidade da sílaba em que ocorreram as produções analisadas e a posição desta sílaba na palavra. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo programa SPSS, versão 17. Os resultados apontaram um percentual de vozeamento de apenas 3,9% na produção das plosivas [b], [d] e [g], o equivalente a 3 produções vozeadas em 76 em que o vozeamento não foi produzido como esperado. Concluiu-se que a informante não possui o contraste de vozeamento, pois foram raros os casos nos quais se confirmou a produção de vozeamento. Dentre as três produções vozeadas, as quais ocorreram em contexto intervocálico e em onset simples, constatou-se a presença do contraste encoberto de vozeamento, pois os valores de duração dos segmentos vozeados da informante são menores que aqueles padrão para o falante adulto, conforme indicado pelas pesquisas sobre o português brasileiro. Com o tempo de vozeamento menor que o padrão, nas três produções vozeadas encontrou-se a presença de contraste encoberto, enquanto nas produções totais de plosivas sonoras que foram desvozeadas nem mesmo o contraste encoberto se faz presente na fala da informante

ASSUNTO(S)

phonological deviation covert contrast acoustic speech analysis análise acústica da fala linguistica desvio fonológico contraste encoberto

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