O conceito de gênero nas políticas públicas que orientam atenção à saúde da mulher: revisão integrativa da literatura

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Pretendeu-se analisar através dessa revisão integrativa da literatura os conceitos de gênero nas políticas de atenção a saúde da mulher, publicadas pelo Ministério da Saúde, no período de 1980 a 2000. A questão da abordagem do conceito de gênero nas políticas públicas para as mulheres redimensiona o modo de conceber mulheres e homens, suas relações sociais, familiares e conjugais, com repercussões no entendimento das questões de saúde, da rede de serviços e da atenção à saúde propriamente dita. Os documentos foram selecionados através de consultas a materiais disponibilizados pela base de dados do Ministério da Saúde. A escolha dos documentos deu-se mediante critérios de inclusão e exclusão. Após sua aplicação a amostra foi composta por 93 materiais oficiais da área da Saúde da Mulher publicados pelo Ministério da Saúde, no período de 1980 a 2000 e categorizados numa tabela em ordem cronológica. Os dados coletados vinculados ao tema e as estratégias de análises foram coletados mediante um formulário impresso previamente elaborado e os dados analisados quanti e qualitativamente. Os resultados apontaram na análise quantitativa que do total da amostra, 16 (17,2%) foram publicados na década de 1980, 18 (19,35%) na década de 1990 e 59 (63,45%) na década de 2000. A distribuição dos materiais nas três décadas, segundo abordagem do conceito de gênero, foram, respectivamente, 09 (representando 9,67% do total da amostra) na década de 1980, 12 (12,90%) na década de 1990, e 41 (44,08%) na década de 2000, totalizando 66,65% da amostra total. Observa-se, a partir destes resultados, uma tendência ascendente quanto à abordagem do conceito de gênero nas publicações oficiais voltadas à saúde da mulher, nas últimas três décadas. A análise qualitativa apontou que o conceito de gênero foi construído ao longo dos anos permeado por diversas temáticas que, para melhor compreensão, foram catalogadas em duas categorias centrais: a primeira denominada Padrões culturais dominantes e a evolução do conceito de gênero, e suas subcategorias: Construção biológica das diferenças entre os sexos (a diferença sexual); construção social das diferenças entre os sexos Concepção relacional de gênero; Concepção intragênero e a interseccionalidade com raça, etnia, orientação sexual, geração e renda e Gênero e Masculinidade. A segunda Categoria Central denomina-se relações de gênero e as repercussões na saúde das mulheres e, emergiram quatro subcategorias: Violência de gênero; Saúde sexual e reprodutiva responsabilização feminina; Adoecimento e morte e divisão sexual do trabalho e feminização da pobreza. O crescente crescimento da participação das mulheres nas relações sociais que envolvem tanto a esfera privada como pública, conduz as políticas a um novo olhar sobre as mulheres e os homens, articulado com a categoria de gênero. Percebeu-se que os órgãos governamentais que publicam e fornecem materiais no campo da saúde da mulher vão aos poucos incorporando as relações de gênero em suas produções literais, auxiliando assim a compreensão das relações entre mulheres e homens e suas articulações com as questões de saúde. Neste sentido, espera-se que a transversalidade do conceito de gênero favoreça a ampliação de ações que fortaleçam o empoderamento das mulheres para o enfrentamento das questões relacionadas à construção histórica de sua submissão, entre as quais as questões da saúde.

ASSUNTO(S)

gender avaliação das políticas públicas de saúde políticas públicas de atenção à saúde da mulher gênero enfermagem evaluation of public health policies

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