O conceito de consciência em o ser e o nada de J.-P. Sartre

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A presente dissertação tem por objetivo demonstrar como a consciência ou Para-si é tal que, de seu modo de ser ressalta-se que ela é nada, liberdade e temporalidade, na obra O Ser e o Nada de Jean-Paul Sartre. Para tanto será estabelecido como ponto de partida a concepção que Sartre empresta a noção de consciência, como sendo nada, vazia de qualquer conteúdo, que se volta para os objetos possuidores de uma existência transfenomenal, sendo em si mesmos independentes da consciência, que são Em-si. Nesse sentido, a consciência será analisada como transcendente ao objeto que ela não é, revelando assim a sua condição de reveladora-revelada, pois desvela um mundo concreto que existe a sua revelia, sendo ela, no entanto, a intencionalidade reveladora de que existem seres ao invés de nada, a prova ontológica de que fala Sartre.Daí em diante, toda consciência será sempre consciência de alguma coisa, reflexo do mundo, sem que a consciência seja nada do mundo. Para que a consciência possa sair do seu estado de negação original do mundo, passando a apreender esse mesmo mundo, dando-lhe o ser, na forma de um conhecimento, será necessário que ela seja cindida em duas: a consciência não-tética ou cogito pré-reflexivo, que torna possível a própria reflexão, pois, é a própria transfenomenalidade da consciência, de não ser nada daquilo que posiciona enquanto existente, sendo apenas o seu refletido; e a consciência tética ou o cogito, responsável pelo posicionamento da consciência não-tética, enquanto consciente de que é consciente, ou seja, enquanto sabendo que sabe. A partir daí será trilhado o caminho para deslindar a consciência ou Para-si como sendo estruturalmente Nada, Liberdade e Temporalidade. O que se pretende com isso é saber como a consciência, que em Sartre é primordialmente nada, poderia se constituir em liberdade que, por sua vez, se nos apresenta no campo da temporalidade? Ou seja, como essas três intraestruturas se imbricam para formar a consciência em Sartre? Primeiramente será através da análise de uma conduta da realidade humana, a interrogação, que será possível se entender como o Nada existe enquanto a matriz de toda possibilidade de negação. Após isso, será demonstrada como, em virtude de sua forma de existir, a realidade humana que tem o seu núcleo no Para-si, definido como Nada, já se propõe como Liberdade. A partir daí, será possível vislumbrar como a Liberdade é vivenciada pelo Para-si na forma de nadificação, ou seja, entender como o Para-si nadifica, ou melhor, se nadifica através da liberdade que ele é; nesse sentido, a liberdade será a própria ferramenta com que o Para-si nadificará o seu Nada original. A forma que o Para-si encontrará para obter o seu intento será projetando na Temporalidade, que lhe é inerente, a realização de um possível que lhe traga algum ser. Entretanto, será mostrado como o Nada pode inundar o momento de uma escolha tornando o instante da decisão palco de angústia, diante da falta de solidez do Para-si, uma vez que o Nada paira o tempo todo no fértil, porém frágil, campo das possibilidades que a realidade humana carrega em seu âmago enquanto sendo essencialmente Liberdade. Nesse sentido, a angústia será estudada como a própria consciência de liberdade, sendo a má-fé a tentativa de se negar a Liberdade em proveito de um refúgio contra o fato de que a vida é feita de incessantes escolhas

ASSUNTO(S)

temporalidade nada liberty consciência transience being-for-itself chasm para-si liberdade consciousness filosofia

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