O capital imobiliário: acumulação, ciclo e crise.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/08/2009

RESUMO

Inicialmente, esta pesquisa se deteve sobre alguns aspectos do processo recente de expansão imobiliária comandado pelas incorporadoras monopolistas nacionais. De acordo com esta proposição, interessava não somente descrever esse movimento e evidenciar sua novidade, mas desvelar analiticamente suas contradições. Diante da complexidade do fenômeno, porém, as preocupações relativas às mudanças na paisagem urbana, à dinâmica de valorização dos vetores de expansão imobiliária e às formas de segregação sócio-espaciais no ambiente intra-urbano foram sendo deslocadas para dar lugar ao interesse precípuo em compreender os mecanismos, estratégias e inovações econômico-institucionais acionadas por essas empresas, visando a assegurar sua hegemonia nos processos de incorporação enredados em seus mercados de origem e, principalmente, quando da sua entrada nos mercados locais. A delimitação do propósito investigativo em torno da matriz de financiamento das incorporadoras monopolistas pretendia, pois, captar as determinações essenciais, materiais, do movimento expansivo observado. Tratava-se de compreender a dinâmica interna de capitalização e estruturação financeira dessas empresas nacionais a partir de sua inserção num ambiente econômico intensamente desregulado, mundializado, hiper-especulativo e criticamente instável. É, pois, no interior desse turbilhão que a produção da cidade, especificamente a produção do espaço urbano na forma do ambiente construído, surge como um mercado privilegiado para os agentes das altas finanças. Nesse cenário de intensa mobilidade e centralização do capital, a produção imobiliária e o capital financeiro estreitam suas relações por meio de mecanismos que, por um lado, diversificam as formas de captação de recurso para o financiamento da atividade construtiva em suas várias fases e, por outro, tornam possível a valorização financeira dos imóveis a partir da emissão de títulos de dívida e de propriedade negociados no mercado de capitais, lastreados em hipotecas sobre os bens de raiz que são os imóveis. Com isso, além de proporcionar ganhos setoriais de produtividade e oportunidades de valorização para essas frações do capital, as alternativas de financiamento da produção e de financeirização dos ativos imobiliários abrem uma fronteira de exploração intensiva e extensiva para o capital em geral, ampliando-se enormemente o potencial de reprodução sistêmica do capitalismo. No entanto, ao invés de suprimir a ocorrência das crises, esta relação intensifica e agrava a tendência imanente à desvalorização geral do capital, numa forma particular de contradição encerrada no processo de circulação do valor pelo ambiente construído. É necessário, contudo, ressaltar um aspecto metodológico fundamental: ao contrário das formas comuns de apresentação, erigidas sobre a delimitação histórica e espacial de objetos empiricamente observados, este trabalho segue um modo de exposição rigorosamente conceitual, que estrutura e dá forma à apresentação dos conteúdos desvelados por meio de longa investigação, e isso pressupõe justamente a realidade imediata dessas experiências.

ASSUNTO(S)

método dialético acumulação de capital capital imobiliário geografia méthode dialectique accumulation de capital capital immobilier

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