O brincar e suas relações com a fantasia: um estudo teórico-clínico construído a partir das reflexões sobre o brincar e o estatuto da fantasia, categoria de análise da pesquisa IRDI / The play and its relationship to fantasy: A theoretical and clinical study constructed from reflections on "The status of play and fantasy" category of research analysis of search Risk indicators for child development (IRDI)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A pergunta de pesquisa sobre a relação entre o brincar e a fantasia originou-se da confluência entre a prática clínica, especialmente a clínica psicanalítica com crianças, e a pesquisa acadêmica, que tem como desafio vincular Psicanálise e Universidade. Na prática clínica, observávamos o fenômeno do brincar via expressiva e de elaboração através da qual a criança "coloca em jogo" seu cotidiano, seu desejo, seu sintoma, seu sofrimento, etc. Essa "força" do brincar, na clínica, nos tomou de tal maneira que nos incitou a pensar sobre e empreender uma pesquisa teórica, sem abrir mão do material clínico (as entrevistas AP3) que tínhamos à nossa disposição. No que refere à pesquisa acadêmica, situa-se o trabalho como monitora na pesquisa IRDI (indicadores de risco para o desenvolvimento infantil), da qual foi extraído o material analisado. Este material é composto pelas entrevistas realizadas através do instrumento AP3 (avaliação psicanalítica aos três anos), o qual, por sua vez, foi elaborado com a finalidade de validar o instrumento IRDI. O instrumento AP3 contou com quatro categorias de análise, sendo que elegemos "O brincar e o estatuto da fantasia". Poderíamos ter escolhido outra categoria, mas, como assinalado, esta categoria nos capturava também na prática clínica. O primeiro questionamento foi: "O brincar é um fenômeno restrito à vida fantasística?". E essa questão foi sendo elaborada de modo a pensar o brincar para além da dimensão expressiva (no sentido de ser via de expressão da fantasia inconsciente), mas também em uma dimensão que denominamos de "elaborativa" e isto ia ao encontro daquilo que eu estava estudando sobre a criatividade em Winnicott. Para realizar este estudo, partimos de dois caminhos: (a) Um levantamento bibliográfico, e (b) uma releitura das entrevistas que, apoiada no levantamento bibliográfico realizado, privilegiasse a categoria de análise "brincar e fantasia". No primeiro, trabalhamos os três autores que, no campo psicanalítico, dedicaram-se de modo mais extensivo ao tema do brincar Sigmund Freud, Melanie Klein e Donald Winnicott , e que, igualmente, também construíram formulações acerca da fantasia, pois, a temática trata da relação entre brincar e fantasia, e não uma investigação dos fenômenos separadamente. Na releitura das entrevistas, tentamos, articulados ao levantamento bibliográfico, discutir: o fort-da, o uso do objeto transicional, o espaço cênico, a representação de "brincar de ser o outro" e a inibição no (e do) brincar. Alguns resultados apresentados neste trabalho são: (a) o brincar e a fantasia são fenômenos coincidentes, no entanto, a fantasia não é condição única para o brincar; (b) a qualidade da fantasia depende da qualidade da experiência de ilusão; (c) o brincar possui um lugar; (d) o modo como cada autor pensou a fantasia implica no modo como cada um pensou o brincar; (e) os três autores concordam com a proposição de que o brincar não pertence ao campo do alucinatório, pois, a dimensão da alteridade está presente no brincar: brincar é se relacionar

ASSUNTO(S)

brincar (winnicott) child psychoanalysis creativity criatividade imaginação imagination pesquisa científica playing (winnicott) psicanálise da criança scientific research

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