O aborto como direito e o aborto como crime: o retrocesso neoconservador
AUTOR(ES)
Machado, Lia Zanotta
FONTE
Cad. Pagu
DATA DE PUBLICAÇÃO
06/07/2017
RESUMO
Resumo Este artigo analisa o confronto político entre as argumentações feministas e as fundamentalistas sobre o aborto, no Brasil dos anos dois mil. Está em jogo a disputa por concepções de vida. As feministas defendem a distinção entre “vida vivida” e “vida abstrata”. A noção fundamentalista exclusiva de “vida abstrata” advinda de argumentos religiosos sustenta os direitos absolutos do concepto desde a fecundação. O aborto deveria ser crime (porque pecado) em qualquer circunstância (sem quaisquer permissivos legais). A análise dos depoimentos de deputados e religiosos fundamentalistas revela o confronto com a laicidade do Estado. Capturam e distorcem os discursos jurídico e genético, disfarçam-nos como discurso de direitos humanos e desqualificam as mulheres como menos sujeitos de direitos. O aborto como “crime e pecado” é vinculado ao “lugar (subordinado) da mulher” na “família tradicional”. As forças neoconservadoras mobilizam-se para a imposição moral religiosa sobre as mulheres e vislumbram o retrocesso, não só dos direitos ao aborto, mas dos direitos das mulheres.
ASSUNTO(S)
direitos ao aborto argumentações feministas aborto como crime e pecado religiosidade fundamentalista imposição moral laicidade e secularização retrocesso neoconservador
Documentos Relacionados
- O resultado na teoria geral do crime: uma nova perspectiva
- Stalin's Last Crime: The Doctors' Plot
- O reverso do crime: norma hostil, sociedade cruel e saída subjetiva pela violência
- Migração e crime: a Lei 6.815, de 1980
- A medicalização do crime: a Penitenciária de Florianópolis como espaço de saber e poder (1933-1945)