Nos arredores da Casa do sol: as imagens espaciais no imaginário hilstiano
AUTOR(ES)
Danielle Stephane Ramos
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
29/02/2012
RESUMO
Hilda Hilst (1930-2004) produziu uma poesia prenhe de imagens, símbolos e arquétipos. Diante disso, este estudo investiga as imagens relacionadas ao espaço. Há uma relação profícua entre o espaço e a construção da lírica hilstiana. Podemos mencionar a relação da escritora com sua Casa do Sol, construída a partir do desejo de uma dedicação integral à escrita e de conhecer a si mesma. Isso ocorreu após o contato de Hilst com a obra do escritor grego Nikos Kazantzakis (1885-1957), que a influenciou sobremaneira. O referido escritor defendia a necessidade do isolamento do mundo para conhecer o outro e a si mesmo. Não temos a intenção de fazer um estudo biográfico da casa, assim buscamos analisá-la enquanto um espaço mítico, místico e simbólico A casa encontra-se nos versos de Hilda Hilst como um refúgio, como espaço de proteção e intimidade, além de local do encontro amoroso entre a persona lírica Ariana e seu amado Dionísio. A casa, como a imagem de um pequeno mundo (imago mundi) encontra consonância com outros microcosmos percorridos pelo eu-lírico. Esses espaços são a ilha e o jardim que fazem parte da mesma constelação simbólica da casa. Ao caminhar, o eu-lírico retoma a tradição literária iniciada por Jean-Jacques Rousseau em sua autobiografia Os devaneios de um caminhante solitário. O caminho torna-se um espaço de reflexão propício ao devaneio poético. Esses espaços elencados também demonstram o desejo de um retorno ao espaço original (ab origine) onde se estabelece uma ligação com o transcendente. Na impossibilidade de nomear a divindade, a poeta busca materializar a ideia de Deus como uma forma de aproximação desse ser considerado obscuro. Hilst utiliza o espaço matemático, no qual, o sujeito lírico torna-se arquiteto de uma ideia de Deus, fundamentada pelas formas geométricas. Esse estudo será desenvolvido no decorrer de quatro capítulos, que compreendem o percurso teórico, a relação das imagens espaciais no imaginário criativo de Hilst e a análise de poemas que compõem o corpus elencado. Foram escolhidas as séries de poemas intituladas Trajetória poética do ser e Exercícios para uma ideia, presentes na obra Exercícios, além dos poemas de Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio da obra Júbilo, memória, noviciado da paixão. Para dar suporte a esse estudo buscamos as teorias do imaginário de Gaston Bachelard, de forma especial A poética do espaço, Gilbert Durand, Mircea Eliade, entre outros teóricos do imaginário e da poesia.
ASSUNTO(S)
hilda hilst espaço imaginário poesia rousseau teoria literaria literatura literatura brasileira - história e crítica hilst, hilda, 1930-2004 - crítica e interpretação space imaginary poetry rousseau
ACESSO AO ARTIGO
http://www.bdtd.ufu.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4173Documentos Relacionados
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