Niveis de experiencia e interpretação em grupanalise : um estudo das ideias de Cortesão

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

Neste trabalho estudo os níveis de experiência e interpretação, conceito teórico da grupanálise, desenvolvido por Cortesão. Na introdução faço um relato da minha trajetória profissional até a grupoterapia. Apresento, em seguida, exemplos clínicos dos níveis de experiência e interpretação em grupanálise, para situar o leitor em relação ao tema, que é pouco conhecido mesmo entre os grupanalistas, e uma revisão bibliográfica, enfocando principalmente o processo de associação livre de idéias na psicanálise e na grupanálise. Estudar os níveis de experiência e interpretação nas grupoterapias analíticas é estudar o nível de aprofundamento psicoterápico alcançado pelos grupos nas várias sessões clínicas. Uma parte da introdução é dedicada aos aspectos históricos da psicoterapia de grupo. O objetivo deste trabalho é, então, estudar a ocorrência do fenômeno grupal denominado níveis de experiência e interpretação em quarenta sessões de grupoterapia analítica, isto é, estudar se os fenômenos descritos por Cortesão estão presentes ou não, de que forma, e até que nível, nas grupoterapias analíticas. o método utilizado baseia-se na grupoterapia analítica. É, portanto, um método clínico.O grupoterapeuta possibilita, através de sua postura de abstinência, a emergência de manifestações verbais e não verbais, e conseqüentemente, o desenvolvimento do processo de associação livre de idéias pelo grupo. Estudamos quarenta sessões de grupoterapia analítica. As sessões são transcritas após o seu término e em cada sessão estudamos a ocorrência dos níveis de experiência e interpretação. As quarenta sessões são sub-divididas em cinco sub¬grupos com oito sessões cada, de modo que tenhamos cinco sub-grupos, sendo um diferente do outro.Para cada nível de experiência e interpretação presente no material clinico atribuímos um valor. Assim, para o nível de experiência subjetiva individual atribuímos o valor 1, para o nível de experiência subjetiva múltipla atribuímos o valor 2, para as comunicações associativas o valor 4, para a interpretação genético evolutiva e desenvolutiva o valor 8 e finalmente para as interpretações de significação e de criatividade o valor 16. Concluindo o trabalho observamos que: o sub-grupo composto por pacientes do sexo feminino, obesas, apresentou o menor valor na somatória de pontos. Totalizou 11 pontos, coincidindo com dados da literatura de que grupos com pacientes psicossomáticos têm mais dificuldades para o aprofundamento, abstração e elaboração psicotel ápicos. Os sub-grupos coordenados por um grupoterapeuta experiente alcançaram o valor 15, enquanto o sub-grupo coordenado por um grupoterapeuta inexperiente alcançou o valor 31, fazendo pensar que o aprofundamento do processo associativo não depende exclusivamente do grupoterapeuta. O sub-grupo composto por sessões variadas descritas na literatura alcançou também o valor 31, mostrando que os grupos, na sua totalidade, alcançam niveis altos de interpretação e elaboração. Avaliando as quarenta sessões como um~ todo, obtivemos o valor 19, mostrando que os níveis de experiência e interpretação estão presentes nas sessões de grupoterapia analítica e que os grupos alcançam em média o nível de interpretação genétivo-evolutiva e/ou desenvolutiva

ASSUNTO(S)

psicanalise psicoterapia de grupo

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