Neoplasias epiteliais de glândulas salivares em crianças e adolescentes: estudo retrospectivo da casuística do Instituto Nacional do Câncer no período de 1996 a 2006

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Dados sobre epidemiologia, comportamento biológico e tratamento dos tumores de glândulas salivares em crianças e adolescentes têm sido descritos na literatura. Todavia, a experiência relatada ainda é pequena, em função da raridade destas lesões. Muitos dos estudos referidos restringem-se a relatos isolados de casos. Paralelamente, informações sobre a experiência brasileira com estas lesões ainda é bastante precária. Neste sentido, objetivamos no presente trabalho estudar uma série de casos de neoplasias epiteliais de glândulas salivares proveniente do Instituto Nacional de Câncer-INCA/MS-RJ, órgão de referência para estudos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento do câncer no Brasil. Para tanto, foi levantada uma amostra de neoplasias acometendo pacientes em idade pediátrica e hebiátrica (0 a 18 anos) no intervalo de 10 anos (julho de 1996 a junho de 2006). Foram estudados os dados sócio-demográficos dos pacientes, clínico-patológico, tratamento, seguimento dos pacientes e prognóstico das lesões. Para todos os casos as informações foram coletadas a partir dos registros dos prontuários médicos, laudos histopatológicos e laudos por imagem obtidos dentro e fora do INCA. Um total de 42 casos foi encontrado entre 1127 casos de neoplasias de glândulas salivares registrados no INCA. Destes, 21 (50%) representavam tumores benignos e 21 (50%) malignos. O sexo feminino foi prevalente, com uma proporção F:M de 1,8:1. A maioria dos casos ocorreu na glândula parótida (57,2%). Os tumores benignos e malignos mais freqüentes foram, respectivamente, adenomas pleomórficos (50,0% da amostra total) e carcinomas mucoepidermóides (38,1%). Um maior número de lesões benignas acometeu glândulas maiores (55,9%). Para glândulas menores, prevaleceram as lesões malignas (75,0%). Além disso, a idade pediátrica apresentou-se com maior risco de desenvolver neoplasias malignas quando comparado aos adolescentes. A maioria dos tumores manifestou-se clinicamente como nódulos assintomáticos (71,4%). Não houve diferenças significativas no tempo de evolução entre as lesões benignas e malignas quando foram consideradas a sintomatologia, dimensão e localização dos tumores. O tempo de seguimento variou de dois a 40 meses. Neste período, recidivas foram observadas em dois adenomas pleomórficos (9,5%) e dois carcinomas mucoepidermóides (9,5%); um carcinoma adenóide cístico (4,8%) produziu metástases pulmonares. Parestesia e paralisia representaram as intercorrências pós-cirúrgicas mais freqüentes entre os tumores benignos e malignos, respectivamente. A Síndrome de Frey foi vista apenas nos pacientes com lesões malignas. Dos achados, concluímos que as neoplasias de glândulas salivares em crianças e adolescentes são raras, manifestando-se como nódulos assintomáticos preferencialmente em glândulas maiores e em pacientes do sexo feminino. Há maior probabilidade de ocorrência de doenças malignas neste grupo etário, tornando-se marcante na idade pediátrica e em glândulas menores. O AP e o CME foram as lesões mais freqüentes. Nas faixas etárias estudadas, as recidivas e metástases foram incomuns. Nenhum paciente foi a óbito durante o período de observação, o que está associado ao prognóstico mais favorável para as lesões nesta faixa etária.

ASSUNTO(S)

carcinoma mucoepidermoide crianças e adolescentes aspectos clínicos adenoma pleomórfico odontologia glândulas salivares - tumores

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