Nectar e volateis na polinização de quatro especies de Passiflora L. (Passifloraceae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

Foram estudadas quatro espécies de Passíflora. P. alata, P. galbana (Parque Estadual de Setiba, Guarapari, ES) e P. mucronata (Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, Ubatuba, SP), que pertencem ao subgênero Passíflora e ocorrem em vegetação de restinga. P. speciosa Gardn. , subgênero Distephana, ocorre em mata atlântica de tabuleiro da Reserva Florestal da CVRD (RFCVRD), Unhares, ES. Foi analisado qualitativa - e quantitativamente o recurso alimentar e foram identificados os constituintes químicos que compõe as unidades de atração visual e olfativa nestas espécies de Passiflora. Foi observado que as espécies de Passiflora estudadas dependem de vetores de pólen para a produção de frutos. P. alata é melitófila, P. galbana e P. mucronata são quiropterófilas e P. speciosa é ornitófila. A polinização é favorecida pela deflexão dos órgãos reprodutivos, que permite que os animais os toquem. O néctar é o recurso alimentar procurado pelos visitantes florais, sendo que o comportamento dos polinizadores vertebrados parece refletir a disponibilidade do recurso, forrageando quando há mais volume de néctar e quando a previsibilidade da quantidade de recurso é maior. A dinâmica de secreção de néctar das espécies estudadas está relacionada com a hidrólise de amido armazenado no nectário. Parece haver uma relação entre o tipo de polinizador e a composição do néctar, inclusive a quantidade de lipídios presentes e a razão Na+/K+. O espectro de absorção nas faixas UV-VIS encontrado nestas flores se adequa à sensibilidade espectral da visão dos polinizadores, com presença de antocianidinas em P. a/ata e P. speciosa. As espécies quiropterófilas possuem pigmentos que refletem na região do visível, e devem ter uma função menos importante na localização das flores por morcegos. Nas espécies polinizadas por animais cujo olfato é bastante desenvolvido, há maior abundância de classes de compostos voláteis. Compostos aromáticos hidroxilados e monoterpenos são provavelmente os responsáveis pelo perfume adocicado das flores de P. alata. Em P. galbana, estes compostos tem participação expressiva no seu perfil de odores. P. speciosa tem leve odor acre, provavelmente conferido por hidrocarbonetos. Sinais olfativos devem estar permitindo a localização do recurso a longa distância, enquanto que a localização do recurso a curta distância seria possível através de orientação visuail ou acústica. Vários compostos que formam as fragrâncias destas espécies de Passiflora ocorrem em outras espécies de plantas; alguns destes também ocorrem em secreções exócrinas de abelhas

ASSUNTO(S)

nectarios passiflora polinização

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