Na esteira do galpão: catando leituras no território cotidiano da reciclagem do lixo de Porto Alegre/RS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O estudo das leituras acerca do galpão de reciclagem do Loteamento Cavalhada-Porto Alegre- RS, interpretado a partir das narrativas compostas da experiência vivida junto às catadoras de materiais recicláveis neste espaço, é o desafio proposto na pesquisa. O cotidiano assume centralidade no diálogo entre os conceitos empregados nas distintas leituras que surgem na "esteira" da experiência do galpão: rede, território, jogo e representações. Partindo de um olhar para as redes sociais que dele emergem, percebe-se a complexa teia de relações que se estabelece a partir deste espaço. A leitura da rede revela que os significados do galpão não estão restritos a sua funcionalidade instrumental, enquanto "equipamento público de geração de renda". A articulação com nós externos da rede apontam para o estabelecimento de um território dinâmico e fluido. Assim, catando as diferentes abordagens do território extrai-se a leitura do galpão como "território cotidiano da reciclagem do lixo", espaço apropriado pelas catadoras e catalisador de identidades. A dinamicidade desse território é percebida no jogo, que possibilita aos atores ampliar informações e conhecimentos acerca do campo do lixo e seguirem sua luta por reconhecimento social. Na leitura das representações sociais de ambiente, percebe-se a adoção de táticas com relação aos constrangimentos e pressões a que são submetidas as catadoras nas suas práticas cotidianas na catação de lixo. A conotação pejorativa que o termo lixo carrega adverte para a ressignificação desse, no espaço do galpão, que é relevante no fortalecimento da identidade territorial (ou o habitus catador) do grupo. As representações de lixo são, assim, vistas como via de acesso ao habitus catador e, por conseguinte, ao campo do lixo. Por meio das leituras realizadas, considera-se que as identidades são transformadas nesta experiência, afinal ao buscar novas articulações, novas redes, constituindo novas territorialidades, "no reciclar das relações", esse grupo social se mantém vivo e ativo no jogo do lixo.

ASSUNTO(S)

territorio espaço social porto alegre (rs) cotidiano geografia física territorialidade red habitus resíduos sólidos representaciones cartoneras basura

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