Mutimídia interativa e registro de arquitetura: a imagem da arquitetura além da representação
AUTOR(ES)
Ana Paula Baltazar dos Santos
DATA DE PUBLICAÇÃO
1998
RESUMO
Esta dissertação aborda o problema da representação da arquitetura e seus limites buscando investigar as possibilidades da imagem para presentação da arquitetura apontando o que chamamos de registros como uma maneira de superar a defasagem entre a representação bidimensional e a totalidade arquitetônica propriamente dita. Para tanto, foi necessário compreender como a arquitetura se dá à apreensão visto que a representação perspectiva restringe-se às três dimensões espaciais, carecendo das dimensões temporal e comportamental, essenciais para a experienciação do espaço. Evidenciou-se que o objeto arquitetônico é fruído fenomenologicamente, ou seja, todo o conjunto que o caracteriza é imprescindível para sua apreensão. Quando substituímos o objeto por sua imagem bidimensional, alteramos o processo de percepção, quebrando bruscamente a unidade do conjunto, por tiramos o objeto de seu contexto físico e cultural. Desenvolvemos, então, o argumento de que a imagem bidimensional convencional fotografia e vídeo é uma imagem absoluta, ou seja, não encerra as possibilidades de relativização do objeto, é uma imagem descontextualizada, um fragmento único de algum instante, independente de sua duração. Depois dessa imagem o usuário/fruidor se transforma em observador/espectador, que apenas recebe uma imagem previamente capturada filtrada e limitada pelo olhar de quem a fruiu. A imagem absoluta foi identificada como a possibilidade de re-presentar, inscrever alguma coisa, não sendo passível de uma apreensão fenomenológica. A imagem relativa, ao contrário, foi identificada como aquela capaz de presentar-se, mostrar-se a si mesma por si mesma. Tal imagem não seria uma imagem capturada por uma câmara, mas uma imagem criada, que guarda uma autonomia com ralação a realidade, caracterizando-se, assim, enquanto evento/acontecimento. A imagem relativa foi apontada como alternativa para registrar a arquitetura, por permitir a fruição fenomenológica, por ser relativa ao tempo e ao comportamento, por ser passível de interação, por proporcionar que verdades sejam desveladas ao usuário.Concluímos que o registro encontra sua possibilidade de realização com a mudança do paradigma perspectívico para o paradigma computacional, ou seja, com a alteração do modo de produção da imagem e a possibilidade de inclusão das dimensões do tempo e do comportamento. A multimídia interativa foi considerada o ambiente mais propício tecnologicamente para registrar a arquitetura, por permitir a interatividade, transformando o observador em usuário.
ASSUNTO(S)
arquitetura teses. arquitetura e computação gráfica teses.
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/RAAO-8CSNYDDocumentos Relacionados
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