Murcha de Fusarium em Heliconia spp.: ocorrência, variabilidade e resistência genética em espécies ornamentais cultivadas em Pernambuco, Alagoas e Sergipe

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

As helicônias são as flores mais cultivadas dentro da floricultura tropical no Nordeste brasileiro, porém sua produção vem sendo afetada pela murcha de fusário, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. cubense. O presente estudo objetivou verificar a ocorrência da doença, avaliar métodos de inoculação, caracterizar os isolados quanto a morfologia, agressividade e diversidade genética, identificar fontes de resistência, verificar a eficiência do filtrado fúngico na distinção de resistência e suscetibilidade e, por fim, o envolvimento de mecanismos estruturais na interação patógeno-hospedeiro. A ocorrência da doença foi avaliada em vinte e oito propriedades nos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Após a obtenção dos isolados, foram testados os métodos de inoculação de injeção na base do pseudocaule, método de meia lua, depositando-se o inóculo em torno da planta e dipping, onde as raízes das plantas são feridas, imersas na suspensão e depois replantadas. As plantas foram avaliadas pelos sintomas internos e externos, com base em escala de notas que variavam de 1 a 6. Para os caracteres morfológicos, os isolados foram incubados por cinco dias em microcultura e, em seguida, observados com auxílio de microscópio ótico. Os macroconídios e os microconídios foram medidos através da lente micrométrica com aumento de 40X. A agressividade dos isolados foi determinada por inoculação de discos de colônia em colmos de Heliconia psittacorum cv. Alan carle destacados e perfurados. Os colmos foram incubados sob condição de câmara úmida por cinco dias. A avaliação foi de acordo com o escurecimento vascular no diâmetro do colmo e baseou-se na escala denota variando de 1 a 4. A diversidade genética foi verificada através da análise molecular e da técnica de grupamento de compatibilidade vegetativa (VCG). Para análise molecular, realizou-se a Polymerase Chain Reaction (PCR) utilizando-se trinta e sete oligonucleotídeos de Inter-simple Sequence Repeat (ISSR) e a corrida eletroforética em gel de agarose (2%). Os dados binários foram analisados pelo programa Genes 2.0. O VCG foi determinado através da obtenção de mutantes nit, pelas seqüências nos meios completo (MC), batata-dextrose-clorato (BDC) e meio mínimo (MM). Para a formação de grupamentos, os mutantes foram pareados para o teste de complementariedade através da observação da formação do heterocárion. Na identificação de fontes de resistência, doze espécies de helicônia foram inoculadas por injeção com o isolado considerado de maior agressividade e após quarenta dias foram feitas as avaliações baseada na escala de notas. O filtrado fúngico foi obtido após o cultivo do fungo por vinte e quatro dias em meio Czapeksendo utilizadas as concentrações de 25, 50, 75 e 100%. Alíquotas de 1 mL foram depositadas sobre a superfície de folhas destacadas das plantas resistentes de Heliconia psittacorum cv.Golden torch, e das suscetíveis H. psittacorum cv. Alan carle. As folhas inoculadas ficaram em condição de câmara úmida por 24, 48 e 72 horas. Os mecanismos estruturais envolvidos na interação foram observados por cortes histológicos nas raízes das espécies utilizadas no estudo de fontes de resistência e os tratamentos foram inoculados e não inoculados com F. oxysporum f.sp. cubense. Foi constatada a ocorrência da murcha de fusário em 88% das propriedades visitadas, de onde foram obtidos trinta e um isolados do fungo. O método de injeção mostrou ser o mais eficiente, apresentando os sintomas característicos da doença em menor intervalo de tempo, aos trinta e seis dias. Os macroconídios apresentaram variação de 25,56 μm x 3,7 μm a 33,92 μm x 3,39 μm e os microconídios a variação de 6,23 μm x 2,01 μm a 10,3 μm x 3,35 μm. Observou-se a distinção de três grupos quanto à agressividade, onde quinze isolados foram enquadrados com de agressividade intermediária, oito foram de maior agressividade e oito foram de menor agressividade. As técnicas utilizadas no estudo de diversidade genética apresentaram alta variabilidade genética. Na análise molecular formaram-se cinco grupos considerando uma distância genética de 70% e uma dissimilaridade genética variando de 0,51 a 0,94. No estudo de VCG observou-se a formação de três grupos, porém 71% dos isolados não fizeram parte de nenhum grupo. Ambas as técnicas determinaram uma alta diversidade genéticae a não correlação geográfica entre os isolados pertencentes a uma mesma região. As espécies Heliconia bihai, H. psittacorum cv. Golden Torch, H. psittacorum cv. Golden Torch Adrian, H. rostrata, H. stricta cv. Capri, H. psittacorum cv. Sassy e H. caribea foram consideradas resistentes à murcha de fusário. As espécies moderadamente resistentes foram H. latispatha e H. wagneriana. Heliconia psittacorum cv. Alan Carle e H. chartacea cv. Sexy Pink foram as suscetíveis enquanto que a H. stricta cv. Fire Bird foi altamente suscetível. O filtrado fúngico concentrado em 50% foi o mais eficiente na distinção de resistência e suscetibilidade nas cultivares. Na avaliação dos mecanismos estruturais observou-se que não há relação entre a espessura e lignificação da parede celular com a resistência ao patógeno, pois em algumas espécies resistentes não constatou-se o aumento de espessura ou acúmulo de lignina.

ASSUNTO(S)

morphology fitopatologia morfologia occurrence inoculation ocorrência inoculação agressividade helicônia murcha de fusário agressivity

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