Mulheres em situação de violência doméstica : o ponto de vista dos profissionais de Unidades Básicas de Saúde

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/02/2012

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi compreender significações psicológicas e culturais de profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) sobre a questão das mulheres em situação de violência doméstica por eles atendidas, incluindo suas eventuais dúvidas e dificuldades. Procuramos interpretar os pontos de vista desses profissionais, ou seja, suas ideias, percepções e conceitos com que trabalham. O campo de pesquisa foi constituído por Unidades Básicas de Saúde (UBS) de um município do interior do Estado de São Paulo. Trata-se de um estudo qualitativo com entrevistas semidirigidas, cujos conteúdos foram analisados quanto às enunciações expressas durante esses depoimentos. Procurou-se fechar o número final de participantes pela técnica de amostragem por saturação empírica e teórica. Noutros termos, as enunciações (correspondentes aos dados empíricos brutos) foram analisadas, entrevista por entrevista, e foram organizadas em categorias formuladas de acordo com a visão teórica dos pesquisadores; a interrupção da coleta de dados deu-se quando os dados empíricos não mais subsidiaram a formulação de novas categorias analíticas e também não mais contribuíram para o aprofundamento das categorias anteriormente formuladas, segundo o julgamento dos pesquisadores. Os resultados dizem respeito a entrevistas com 14 sujeitos que, depois de transcritas, corresponderam a um corpus de 42.336 palavras. Os entrevistados compõem um grupo relativamente heterogêneo quanto às formações profissionais (enfermeiros, auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem, médicos, odontólogos e farmacêutico). Para cada uma das pré-categorias formuladas, que foram traduzidas em questões propostas aos participantes, foram formuladas categorias analíticas. A primeira correspondeu a temas ou tipos de enunciados relacionados à problemática que envolve a questão da mulher em situação de violência (compreensão do fenômeno); nestas surgiram três categorias: Sobre a violência, Fatores de riscos, Questões de gênero. A segunda correspondeu a enunciados relacionados à recepção e aos primeiros cuidados às mulheres em situação de violência foram levantadas três categorias: APS e a violência contra mulher, Dinâmica da recepção e primeiros cuidados e Notificação. Da terceira pré-categoria, relativa a temas ou tipos de enunciados relacionados aos outros procedimentos a serem empreendidos na APS quanto às mulheres em situação de violência, emergiram duas categorias: Medidas preventivas secundárias e terciárias e Prevenção. Por fim, na pré-categoria relativa aos temas ou tipos de enunciados sobre as eventuais dificuldades pessoais e institucionais nos atendimentos realizados na APS, foram elaboradas quatro: Questões sociais e psicossociais, Dificuldades educacionais, Dificuldades intrasetoriais, Dificuldades intersetoriais. O trabalho de discussão destes resultados foi realizado por meio da perspectiva teórica de gênero. Podese concluir a dificuldade dos profissionais da APS no atendimento das mulheres em situação de violência, sendo que essas dificuldades iniciam-se na abordagem inicial da mulher que se encontra nessa situação até a elaboração/execução do plano de cuidado. Observa-se a necessidade do trabalho da rede intersetorial para a abordagem integral dessas mulheres e a inserção da problemática nos currículos escolares para que a sociedade caminhe em busca da igualdade de gênero e para que possa preparar seus profissionais para o atendimento dessas mulheres. Os limites da pesquisa foram apontados.

ASSUNTO(S)

enfermagem pessoal da saúde pública assistência à saúde centros de saúde atenção primária à saúde violência conjugal violência doméstica identidade de gênero enfermagem domestic violence personal health primary health care gender identity violence comprehensive health care health center

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