Mudanças no trabalho e na escolarização dos agricultores familiares: a aparente segmentação entre rural e urbano

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O estudo retrata as mudanças na forma de produção da vida de agricultores familiares. Seu objetivo consiste em analisar a trajetória de agricultores diante das mudanças na forma do trabalho e na produção, focalizando famílias integradas com a agroindústria, no município de Pelotas RS, e a relação com o aparente alongamento da escolarização dos jovens rurais. Neste sentido, busca caracterizar o trabalho e a produção nas pequenas propriedades antes e após a integração com a agroindústria, identificando as necessidades que surgiram no campo e as alternativas de sobrevivência encontradas. Para apreender as mudanças na forma do trabalho e na produção, assim como averiguar o que orientou a necessidade de alongar a escolarização dos filhos, foram entrevistadas sete famílias, priorizando àquelas compostas por avô, pai e filho para uma melhor expressão das mudanças na trajetória de trabalho e na produção. A pesquisa de campo foi realizada em Santa Silvana, 6 distrito de Pelotas-RS, numa situação específica, singular, mas que retrata o que atualmente perpassa o meio rural no Brasil e na América Latina. Apreende de forma crítica o movimento contraditório das relações sociais do campo e cidade, visto que a pesquisa de campo permitiu analisar todo processo de integração da produção de fumo, desde as famílias integradas até a empresa integradora, fazendo o contraponto da relação que melhor espelha as ambivalências e as aparências expressas na instituição do trabalho coletivo no campo. Os resultados mostram como se institui o trabalho coletivo no campo e a contradição que ele expressa, ao passo que caracteriza o trabalho coletivo no processo de trabalho na integração e analisa a necessidade e finalidade de alongar a escolarização dos jovens no meio rural. A forma como o capital aprimora a exploração capitalista no campo e as saídas encontradas pelos agricultores integrados na produção de fumo, consiste na inserção de novas monoculturas (reflorestamento e mamona), cada qual repleta de diferentes tecnologias que, aparentemente, modernizam e facilitam o trabalho no campo, mas, essencialmente, estão imbuídas na mesma lógica. Outra saída é a busca por trabalho em espaços urbanos, onde conseguir alguma atividade remunerada consiste em ser um profissional qualificado, o que exige certo grau de escolarização que condiz com o movimento mundial de alongar os estudos, mas que não resolve os problemas enfrentados no campo. Nesse contexto, a aparente segmentação entre o rural e urbano não se sustenta. A produção da vida dos trabalhadores, nesta sociedade, se constitui dentro da mesma lógica, a de produzir excedentes para o capital; a forma pode mudar, mas o conteúdo é o mesmo. É a expansão do capital em todas as instâncias, recriando formas para a sua manutenção. Portanto, o modo de produção capitalista está dado, não surge com a agroindústria, e mostra que não há nada de idílico no campo e na cidade, o que impera é a valorização do capital. É o movimento contraditório expresso nas relações sociais

ASSUNTO(S)

agroindústria trabalhadores rurais - educação educacao

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