Mudanças no consumo e na distribuição de alimentos : o caso da distribuição de hortaliças de folhas na cidade de são Paulo / Changes in food distribution and preferences : the case study of leafy vegetable distribct of São Paulo, Brazil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Este trabalho de dissertação consiste de um estudo sobre as mudanças no consumo e na distribuição de alimentos, e particularmente, na distribuição de hortaliças de folhas na região metropolitana de São Paulo. As pesquisas foram desenvolvidas entre janeiro e agosto de 2003, quando foram entrevistados profissionais das grandes redes de supermercados (entrevistas pessoais); do setor supermercadista em geral ? lojas grandes, médias e pequenas (entrevistas por telefone); profissionais dos sacolões particulares e administrados pela Prefeitura Municipal de São Paulo; permissionários atacadistas e produtores da CEAGESP; profissionais feirantes das feiras administradas pela prefeitura municipal de São Paulo; profissionais dos varejões ? feiras administradas pela CEAGESP; distribuidores independentes ? produtores, atacadistas de origem, distribuidores cujo processo de atendimento aos varejistas ocorre de forma independente da passagem do produto pelo Entreposto São Paulo da CEAGESP. Os objetivos da pesquisa foram de natureza qualitativa, embora alguns levantamentos quantitativos fossem necessários para correlacionar quantidades com a organização dos distribuidores e varejistas. Os levantamentos qualitativos foram feitos para compreensão e análise das formas de compra e aprovisionamento de hortaliças de folhas, buscando identificar: (1) Locais de compra entre os compradores e distribuidores varejistas, bem como suas práticas de distribuição de hortaliças; (2) Se os varejistas entrevistados têm alguma percepção do que o consumidor final entende por qualidade, quais os principais atributos que ele valoriza no produto e quais suas possíveis exigências quanto a embalagem, produtos minimamente processados, orgânicos, hidropônicos etc; (3) Condições de negociação, bem como exigências de distribuidores e varejistas sobre produtores e fornecedores quanto a qualidade, forma de embalagem ou preparo do produto, volume de compra e serviços prestados (pontualidade e periodicidade de entrega, quantidade mínima de produto fornecida por dia ou semana). A primeira etapa consiste em identificar o número de elementos no universo a ser pesquisado dentro de cada segmento do público-alvo. A segunda, na definição do tamanho da amostra e no levantamento de dados, em que constam entrevistas por meio da aplicação de questionários específicos para cada segmento de público-alvo, in loco ou por telefone. A terceira trata do processamento do banco de dados coletados, para posterior análise e interpretação. Grandes mudanças no processo de distribuição de hortaliças de folhas estão ocorrendo no município de São Paulo, orientadas basicamente pelo aumento da competitividade no setor e pelas exigências de qualidade que o consumidor moderno tem feito sobre a cadeia de fornecimento de alimento. Produtos perecíveis, como hortaliças de folhas, mostraram não só fazer parte desse processo, como também ser instrumento importante das estratégias comerciais para atrair o consumidor final. Existe uma clara tendência em todos os segmentos varejistas de buscar abastecimento direto com as regiões produtoras. A maior parte dos distribuidores (92%) é independente (não-permissionária da CEAGESP). Entre os independentes, 60% são produtores. Surgem distribuidores especializados que concentram maior volume de distribuição por dia que os permissionários, oferecendo abastecimento diário de hortaliças de folhas. Cerca de 60% dos distribuidores, tanto permissionários como independentes, preferem negociar com produtores fixos, pois essa forma de trabalho traz vantagens aos varejistas por consolidar uma parceria, favorecer a obtenção de produtos padronizados e de melhor qualidade, conseguir um melhor atendimento das suas exigências, reduzir perdas e facilitar a programação do transporte. O distribuidor independente consegue aplicar uma maior margem de lucro ao seu produto do que o permissionário da CEAGESP. Existe significativa diferença de barganha entre os varejistas e fornecedores, dependendo do tipo e do porte do varejista: os menores varejistas (feirantes) pagam à vista; os supermercados, quanto maiores, pagam com maior prazo, isto é, à medida que cresce o tamanho do supermercado, mais longo fica o prazo de pagamento (semanal, quinzenal e mensal); entre os sacolões, cerca de 1/3 paga à vista; 1/3, semanalmente; e 1/3 quinzenalmente, o que demonstra preocupação crescente desse segmento em garantir aos produtores recursos mínimos para remunerar seus custos de produção. A lei da oferta e procura, presente no mercado físico, já não é o único referencial utilizado no processo de negociação. Todos os agentes varejistas têm buscado estabelecer preços mais estáveis, válidos no mínimo pelo período de uma semana. As embalagens plásticas modernizaram o transporte das hortaliças. As perdas variam em proporção inversa à dimensão do varejista, isto é, quanto maior o porte, menor a perda de hortaliças de folhas. As maiores perdas são dos feirantes (entre 11 e 15%); seguida dos sacolões, de 5% a 15% (média de 10%) e dos supermercados, entre 5% e 10%; para as grandes redes, as perdas variam entre 4,5%, 10% e 15%. A principal estratégia para reduzir as perdas, no caso dos sacolões e supermercados, é diminuir a compra e a exposição, com pouco investimento em treinamento da mão-de-obra. A forma organizacional híbrida já é uma realidade no sistema varejista. Principal forma de organização de compra e abastecimento dos maiores distribuidores varejistas modernos, ela tende a consolidar uma mudança na economia de custo da transação comercial na cadeia de abastecimento alimentar. Foram verificadas imposições de formas de negociação em conseqüência de exigências do consumidor final, interpretadas pelo varejo e transferidas ao sistema de distribuição como um todo. As mudanças e estratégias comerciais apresentadas para a cadeia produtiva e, principalmente, para o sistema produtivo, são a necessidade de economia de escala, eficiência, uso adequado de tecnologia produtiva e produtos padronizados. Cresce a proporção de supermercados e sacolões que trabalham com hortaliças produzidas ou processadas com tecnologia diferenciada (orgânicas, hidropônicas e pré-processadas) como estratégia de oferta de um produto especial. Melhora a percepção dos varejistas quanto à concepção de qualidade do consumidor. Entre os varejistas e profissionais de lojas entrevistados, essas percepções foram muito semelhantes, porém, com ordem de prioridade variável entre eles: os atributos mais valorizados nas hortaliças pela dona-de-casa envolvem maior frescor, forma de exposição, preço, atendimento, higiene, tamanho e hábito de compra; e a concepção de qualidade pela dona-de-casa consiste em um produto sem folhas estragadas, manchas ou lesões, com boa consistência, coloração e tamanho adequados

ASSUNTO(S)

vegetais folhosos - consumo (economia) consumption (economics) habitos alimentares são paulo(sp) food habits abastecimento de alimentos - são paulo (estado) food supply

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