Mudanças comportamentais e fatores associados à sua manutenção em adultos com excesso de peso após intervenção / Behavioral changes and factors associated with their maintenance in adults with excess weight after intervention

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/06/2012

RESUMO

A educação alimentar é uma abordagem reconhecidamente eficaz para transformação, recuperação e promoção de hábitos saudáveis, sendo muito utilizada no manejo dietético do tratamento da obesidade. No entanto, a manutenção da perda de peso nem sempre é satisfatória, dada a dificuldade de incorporação de novos hábitos como rotina de vida. O objetivo deste estudo foi investigar mudanças comportamentais em adultos com excesso de peso após um programa educativo e os fatores associados à sua manutenção. Para tanto, dados sociodemográficos, antropométricos, de imagem corporal, fatores comportamentais e relativos à saúde foram coletados de 94 adultos com excesso de peso, de ambos os sexos, participantes do Programa de Educação Alimentar da Universidade de São Paulo - PRAUSP, no período de 2005 a 2009. Os indivíduos foram divididos nos grupos intervenção - GI (frequência mínima de 70%; n=64) e abandono - GA (frequência inferior a 30%; n=30) sendo que as informações foram obtidas no início (GI e GA) e final da intervenção (GI) por meio de um banco de dados, e no momento atual (GI e GA) por entrevista estruturada. Comparações intra-grupos foram realizadas para avaliar alterações ocorridas no decorrer do tempo e comparações entre-grupos para identificar as mudanças resultantes da intervenção e os fatores associados. Como resultados, houve predomínio de mulheres (71,8%), casadas (68,2%), com idade média de 43,5 anos e elevado nível de escolaridade (91,8% com nove anos ou mais de escolaridade), sem diferença entre os grupos. Os sujeitos do GI aumentaram o consumo de álcool, a mastigação e o fracionamento da alimentação, e reduziram a compulsão alimentar, as medidas antropométricas imediatamente após a intervenção (IMC = -1,4kg/m 2 ; circunferência da cintura = -5,5cm), e o risco de doenças cardiovasculares a longo prazo. Ambos os grupos apresentaram frequências elevadas de percepção corporal superestimada e insatisfação (GI=75% e 85,9%; GA= 81% e 95,2%, respectivamente). De modo geral, os participantes do GA apresentaram mudanças comportamentais pontuais, demonstrando grande heterogeneidade entre o grupo. Entre os fatores associados à manutenção das mudanças encontram-se a motivação para a perda de peso e melhora da imagem corporal, a presença de doenças associadas e do histórico familiar de obesidade, e a percepção distorcida e a insatisfação corporais. Como aspectos facilitadores foram apontados as melhoras obtidas e a força de vontade, e como dificultadores, os resultados lentos, a falta de tempo, a vida social muito ativa e o custo elevado dos alimentos. Conclui-se que indivíduos que finalizaram o protocolo (GI) realizaram mais mudanças comportamentais do que aqueles que abandonaram (GA), mas as alterações nem sempre foram mantidas no período posterior. O programa mostrou-se eficaz em promover modificações comportamentais, sendo recomendado considerar as características sociodemográficas e antropométricas dos participantes no planejamento das atividades a fim de subsidiar ações mais específicas e melhor prognóstico. A manutenção dos resultados constitui-se em um grande desafio aos profissionais de saúde devido à influência de fatores ambientais e culturais inerentes ao proceso de mudança.

ASSUNTO(S)

comportamento alimentar educação alimentar e nutricional feeding behavior food and nutrition education hábitos obesidade obesity

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