Muçulmanos na França: formação de uma minoria e desafios para sua integração

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/07/2010

RESUMO

Este trabalho consiste em uma análise do processo integrativo dos muçulmanos na França. No momento de sua chegada, o caráter econômico da migração, o estabelecimento do grupo em moradias provisórias e afastadas dos grandes centros e a não-intenção da permanência marcaram o modo como o grupo foi recebido pela sociedade e como ele se percebia nela. Com o fim do programa migratório em 1974, os muçulmanos decidem permanecer no país e o reagrupamento familiar acarreta o crescimento do seu contingente no hexágono, constituindo-o como uma minoria. A França, tradicionalmente, conforma uma assimilação formal e substantiva de populações estrangeiras no espaço de duas gerações, desta forma, as segundas e terceiras gerações desses imigrantes tornam-se francesas juridicamente, vinculando-se ao Estado como cidadãos. Porém, a assimilação substantiva do grupo pela escola não se apresenta efetiva. A não-integração do grupo é observável na dispersão política e na falta de representantes legítimos, nas altas taxas de desemprego e criminalidade, e na baixa escolaridade. Essa marginalização política e sócio-econômica é agravada pela não-identificação com a nação e os valores franceses. O Islã passa a ser apropriado culturalmente, por aqueles que ainda não se sentem vinculados plenamente à nação e por aqueles que se sentem discriminados na sociedade. A França defende seu modelo assimilacionista de integração, por ele propor uma assimilação através do não-reconhecimento das diferenças. O laïcité viria então reforçar a identidade nacional republicana, determinando o seu caráter não religioso. Porém, a própria França conviviria com dois sistemas de identidade, onde a identidade diferencialista das regiões não-centrais substanciaria a identidade nacional universalista. Este paradoxo seria um traço inerente da nação francesa e ao lidar atualmente com a minoria muçulmana, esta colocaria um dilema para a continuidade dessa estrutura identitária nacional do país, pois representaria o novo foco diferencialista da nação. Os desdobramentos desta interação levarão a integração ou não da minoria no país.

ASSUNTO(S)

sociologia. muçulmanos frança teses. minorias teses. assimilação (sociologia) teses.

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