Mortalidade por suicídio entre crianças indígenas no Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Saúde Pública

DATA DE PUBLICAÇÃO

19/08/2019

RESUMO

Resumo: O objetivo deste trabalho foi descrever as características, a distribuição e as taxas de mortalidade por suicídio entre crianças indígenas no Brasil, comparativamente as não indígenas. Realizou-se um estudo descritivo, compreendendo os anos de 2010 a 2014, utilizando dados dos sistemas nacionais de informação. Foram selecionados os óbitos de pessoas com idades de 10 a 14 anos, cuja causa básica foi classificada como “lesões autoprovocadas voluntariamente”. O enforcamento foi o meio utilizado com mais frequência, tanto entre indígenas como entre não indígenas, embora tenha sido mais frequente no primeiro grupo. Entre indígenas, a ocorrência de suicídio em hospital ou outros estabelecimentos de saúde foi menor do que o observado entre os não indígenas. Aproximadamente, 3/4 dos suicídios entre crianças indígenas ocorreram em 17 municípios. A taxa de mortalidade por suicídio entre crianças indígenas foi de 11,0/100 mil (8,4-14,3), 18,5 (10,9-31,6) vezes maior do que a observada entre as não indígenas, 0,6/100 mil (0,5-0,6), sem diferenças entre meninos e meninas. Este trabalho evidenciou, pela primeira vez, em escala nacional, especificidades das características do suicídio indígena, suas elevadas taxas, bem como identificou ainda áreas prioritárias para intervenções.Abstract: This study aimed to describe the characteristics, distribution, and mortality rates from suicide in indigenous children in Brazil compared to non-indigenous children. This descriptive study covered the years from 2010 to 2014, using national databases. The study collected deaths in individuals 10 to 14 years of age whose underlying cause was “inentional self-inflicted injury”. Hanging was the most frequently used means in both indigenous and non-indigenous children, although it was more frequent in the former. Among indigenous children, suicides in hospitals or other healthcare establishments were less common than in non-indigenous. Approximately three-fourths of suicides in indigenous children occurred in just 17 municipalities. The mortality rate from suicide among indigenous children was 11.0/100,000 (8.4-14.3), or 18.5 times higher (10.9-31.6) than in non-indigenous, which was 0.6/100,000 (0.5-0.6), with no differences between boys and girls. This study showed for the first time on a national scale the specific characteristics of suicide in indigenous children, with high rates, and also identified priority areas for interventions.

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