Mortalidade evitavel do adulto : desigualdades socio-espaciais no municipio de São Paulo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

A mortalidade evitável do adulto tem sido muito estudada nos países centrais. Na Europa, estudos tem mostrado o aumento das desigualdades sociais desta mortalidade segundo classes sociais. Nos países periféricos, apesar do crescimento da proporção de mortes de adultos, são observadas lacunas importantes no seu estudo. No Município de São Paulo esta mortalidade apresenta altos níveis e tendência crescente. Este trabalho tem como objetivo o estudo da distribuição e determinantes desta mortalidade enfatizando sua evitabilidade e as desigualdades sociais na sua geração e manutenção. Os determinantes da mortalidade e sua relação com a industrialização e a urbanização são discutidos. São analisados estes processos no Município de São Paulo enfatizando a organização do seu espaço urbano e as consequências nas condições de vida, adoecimento e morte da população em conjuntura recente, em especial na década de 80, que se caracteriza pelo aumento da concentração de renda e das desigualdades sociais. Utiliza-se a faixa etária potencialmente ativa entre 15 e 64 anos, discutindo sua relação com a reprodução social. São discutidos os conceitos de desigualdades e iniquidades sociais e sua relação com a ética pública. O espaço urbano é utilizado como categoria analítica operacionalizada através da variável contextual área sócio-ambiental homogênea discutindo seus limites e potencialidades. Opta-se pelo uso de indicadores que estimem os diferenciais em relação a outros locais e numa comparação das desigualdades sócioespaciais intra-municipais. Busca-se relacionar as causas de morte estudadas com blocos de determinação relativos à qualidade da assistência à saúde, aos estilos de vida e comportamento, aos aspectos ambientais urbanos e às condições econômicas e sociais de vida da população. Nos resultados empíricos observa-se que as tendências de aumento dos coeficientes no sexo masculino e queda discreta no feminino são diferentes do comportamento da mortalidade nas outras faixas etárias e mostram que o aumento dos riscos ocorre principalmente pela aids e homicídios e que apenas as doenças cereqrovasculares e as doenças da circulação pulmonar e outras formas de doenças do coração apresentam queda consistente em ambos os sexos. Comparações com outros países ressaltam os altos níveis da mortalidade do adulto no município em todos os grupos de causas de morte. Na comparação com a cidade de Nova Iorque sobressaem os altos índices em São Paulo decorrentes de causas de mortes relacionadas a aspectos ambientais urbanos e à qualidade da assistência à saúde. Nas comparações intra-municipais encontra-se que, para a maioria das causas de morte analisadas, os diferenciais ocorrem em prejuízo das populações vivendo em áreas de piores condições sócio-ambientais e que os diferenciais foram mais pronunciados no sexo feminino. Nas causas em que os riscos foram maiores em áreas de melhores condições sócio-ambientais, observa-se uma coerência com a comparação com a cidade de Nova Iorque. O padrão da mortalidade do adulto no Município de São Paulo mostra características de superposição e polarização epidemiológica com forte componente de doenças crônicas não transmissíveis e as decorrentes de violências. São discutidos alguns blocos de determinantes em nível coletivo, ressaltando aspectos das condições de vida e desigualdades sociais nos padrões de consumo e comportamento, nos riscos do ambiente urbano, na miséria e na exclusão social. Por fim discute-se a necessidade de transformação dos modelos de desenvolvimento e gestão do país e da cidade com o deslocamento da ênfase para as questões sociais excluídas na nova ordem mundial

ASSUNTO(S)

saude publica epidemiologia espaços publicos

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