Mortalidade e fatores prognósticos em pacientes HIV positivo internados em Unidade de Terapia Intensiva de hospital especializado em doenças infecto-parasitárias, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/02/2010

RESUMO

Introdução: a terapia antirretroviral combinada produziu significativa diminuição na morbidade e mortalidade por síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). A sobrevida dos pacientes HIV (vírus da imunodeficiência humana) positivo admitidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) também melhorou desde o início da epidemia. Entretanto, em países em desenvolvimento, há poucos dados referentes a essa população admitida em UTIs. Objetivos: avaliar o prognóstico de pacientes HIV positivo admitidos em UTI, identificar fatores relacionados à sobrevida em curto e longo prazo e comparar dois escores preditores de mortalidade (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II - APACHE II e Simplied Acute Physiology Score II - SAPS II) aplicados a esses pacientes. Métodos: estudo restrospectivo em que foram incluídas todas as primeiras admissões de pacientes HIV positivo admitidos na UTI de hospital referência para HIV/AIDS de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2006. Os sobreviventes à internação na UTI foram acompanhados até 24 meses após a alta. Utilizando-se modelos de regressão e curvas de sobrevida, foram avaliados dados demográficos, clínicos, laboratoriais, escores de gravidade e mortalidade. Resultados: foram incluídos 125 pacientes no estudo. Insuficiência respiratória foi a principal causa de admissão (43,2%), seguida por desordens neurológicas (24,8%), sepse grave (20%), insuficiência cardíaca (1,6%) e outras (10,4%). A mortalidade na UTI e intrahospitalar foram 46,4 e 68%, respectivamente. A análise multivariada indicou que a mortalidade na UTI esteve significativamente associada aos valores de escore APACHE II e SAPS II, necessidade de ventilação mecânica, tratamento para tuberculose ou pneumocistose, uso de terapia antirretroviral na UTI, uso de aminas vasoativas, uso de aminas vasoativas nas primeiras 24 horas e choque séptico na UTI. A mortalidade hospitalar esteve significativamente associada, na análise multivariada, aos valores dos escores APACHE II e SAPS II, à necessidade de aminas vasoativas, choque séptico na UTI, nível de albumina sérica, admissões por causas relacionadas à AIDS e tempo de internação hospitalar prévio à UTI. A sobrevida após 24 meses da alta da UTI esteve associada de forma independente à duração da internação hospitalar prévia à admissão na UTI, ao diagnóstico de sepse à admissão, à presença de choque sético na UTI, ao uso de aminas vasoativas, ao tempo de diagnóstico do HIV e ao tempo de início de sinais e sintomas prévios à admissão hospitalar. Os dois escores de gravidade, APACHE II e SAPS II, apresentaram moderada acurácia na predição do desfecho clínico em curto prazo. A mortalidade observada na UTI foi superestimada pelo SAPS II e subestimada pelo APACHE II. Conclusão: verificou-se maior mortalidade na UTI e intra-hospitalar entre pacientes HIV positivo admitidos na UTI do que a registrada em países desenvolvidos. A maior parte dos fatores relacionados ao óbito é a mesma descrita em outros estudos. Os dois escores de gravidade estiveram associados ao óbito de forma independente, entretanto, apresentaram acurácia apenas moderada para prever o desfecho. A alta mortalidade encontrada pode ser explicada, em parte, pelas características clínicas dos nossos pacientes. A maioria foi admitida por causas relacionadas à AIDS, apresentaram mais altos escores de gravidade, baixos níveis de albumina sérica e foram admitidos com mais frequência por insuficiência respiratória e sepse.

ASSUNTO(S)

medicina teses. dissertação da faculdade de medicina da ufmg. síndrome de imunodeficiência adquirida decs hiv decs anti-retrovirais/uso terapêutico decs unidades de terapia intensiva decs prognóstico decs dissertações acadêmicas decs

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