Morfometria geométrica de populações subterrâneas e epígeas dos caranguejos de água doce do gênero Aegla Leach 1820, (Crustacea: Anomura: Aeglidae) no Vale do Ribeira, Iporanga, SP

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/05/2011

RESUMO

O presente estudo foi desenvolvido com exemplares do gênero Aegla ocorrentes na região dos Parques Estaduais Turístico do Alto Ribeira (PETAR) e Intervales (PEI). Nessa área se distribuem os cavernícolas facultativos Aegla schmitti e A. marginata e, ainda, as únicas espécies exclusivamente cavernícolas registradas na literatura para a família Aeglidae, A. leptochela, A. microphthalma e A. cavernicola. Com o propósito de compreender a atuação das condições ambientais restritivas do meio subterrâneo nas espécies troglófilas e, ainda, a influência das barreiras extrínsecas aos padrões de distribuição e especiação desses crustáceos, visitamos trechos subterrâneos e superficiais de rios entre março de 2009 e agosto de 2010. Adicionalmente, utilizamos exemplares das coleções científicas do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e do Laboratório de Estudos de Eglídeos da Universidade de São Paulo (LEEUSP). Indivíduos da espécie A. schmitti foram analisados por meio de métodos de morfometria geométrica, com o objetivo de determinar se estes, com raros registros de ocorrência em cavernas, estabelecem populações viáveis em meio subterrâneo e, ainda, se variações na forma do cefalotórax estariam relacionadas a indícios de adaptações à vida em cavernas. Os resultados mostraram que os indivíduos de A. schmitti provenientes da Caverna Santana e do Rio Betari correspondem a dois morfotipos distintos. Tais evidências sugerem que a espécie coloniza com sucesso o ambiente subterrâneo e, possivelmente, são resultantes da existência de fenótipos ambientalmente induzidos ou de ecótipos relacionados à vida em meio hipógeo. Ainda, sugerem que a colonização desse ambiente ocorre por meio de indivíduos migrantes provenientes do rio epígeo, seguindo uma dinâmica de metapopulações com a consequente existência de subpopulações transitórias em alguns locais. A análise da distribuição geográfica dos eglídeos na região permite concluir que esta depende não somente da presença ou ausência de barreiras extrínsecas, mas também da mobilidade e comportamento das espécies. O insucesso nas capturas em locais com registro de ocorrência pode sugerir declínio populacional das espécies de Aegla estudadas. Sendo assim, são necessários estudos ecológicos mais abrangentes visando à elaboração de políticas eficientes para manejo e, principalmente, fiscalização dos parques.

ASSUNTO(S)

ecologia rochas calcárias morfotipos troglófilos ecologia

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