Morfologia floral comparativa de Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes (Rubiaceae) nas florestas Amazônica e Atlântica / Comparative floral morphology of Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes (Rubiaceae) in the Amazon and Atlantic forests

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Tem sido sugerido que populações disjuntas desempenham importante papel no processo de especiação. Psychotria ipecacuanha é uma espécie medicinal distílica que se desenvolve em agregados denominados reboleiras no sub-bosque de florestas tropicais úmidas. Apresenta distribuição geográfica disjunta e peri-amazônica ocorrendo naturalmente na América Central e Norte da América do Sul, sendo que no Brasil sua ocorrência é restrita à região sul da Floresta Amazônica (nos Estados de Rondônia e Mato Grosso) e na Mata Atlântica (nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia), estando separadas por uma extensa área de Cerrado. O presente trabalho avaliou características morfológicas florais, de oito populações naturais de Psychotria ipecacuanha, sendo cinco populações no sul da Amazônia, e 3 na Mata Atlântica. Oito características florais foram mensuradas. Grãos de pólen foram avaliados em relação ao diâmetro médio, razão pólen/óvulo e viabilidade polínica. Para verificar possíveis diferenças morfológicas entre populações da Amazônia e entre as duas florestas, foram realizadas análise de função discriminante e análise de agrupamento. As flores de P. ipecacuanha ocorrentes na Amazônia apresentaram diferenças significativas entre populações para a altura do estigma, altura da antera, comprimento do estigma, diâmetro do pólen, razão pólen/óvulo e viabilidade polínica. Diferentemente da floresta Atlântica, na floresta Amazônica foram observadas reboleiras não isomórficas e uma população anisoplética. As flores do morfo brevistila apresentaram maiores diferenças entre as florestas Amazônica e Atlântica do que o morfo longistila, principalmente em relação à altura da antera. Análise de função discriminante classificou corretamente mais de 95% dos indivíduos brevistilas de ambas florestas, e mais de 84% dos indivíduos longistilos, sendo maior a índice de classificações corretas da floresta Amazônica (90,65%) que na Mata Atlântica (75,32%). A população Rio Vermelho da Amazônia se destacou como a mais distinta entre todas as populações estudadas em ambas florestas, constituindo sempre um grupo à parte. As flores brevistilas apresentam uma maior variabilidade entre as florestas que as flores longistilas, levando à separação mais evidente entre as duas florestas, enquanto que as flores longistilas não permitem uma dissociação completa entre eles.

ASSUNTO(S)

distilous psychotria ipecacuanha distilia psychotria ipecacuanha propagação vegetativa reproducao vegetal vegetative propagation

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