Morfologia, anatomia e histoquímica de Noteroclada confluens Taylor ex Hook.Wilson (Pelliaceae, Marchantiophyta) / Morphology, anatomy and histochemistry of Noteroclada confluens Taylor ex Hook. & Wilson (Pelliaceae, Marchantiophyta)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Noteroclada confluens Taylor ex Hook. & Wilson é uma hepática de aparência folhosa, pertencente à família Pelliaceae (Marchantiophyta). Ocorre predominantemente em regiões montanhosas, declives e locais próximos à córregos, em solos argilosos. O presente estudo teve por objetivo descrever a morfologia, anatomia e histoquímica das estruturas do gametófito e esporófito de N. confluens, coletados no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, sob microscopia óptica, eletrônica de varredura e confocal de varredura a laser fornecendo, especialmente, dados sobre as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada e assexuada, contribuindo para uma melhor caracterização do gênero e da família. O gametófito de N. confluens apresenta-se na forma de um talo profundamente lobado, com lobos predominantemente com uma única camada de células. Os lobos são conectados a região mediana, mais espessada, rica em grãos de amido. Na região mediana ventral do gametófito, conectam-se inúmeros rizoides unicelulares. Todo o talo é constituído por um parênquima formado por células de paredes delgadas, de constituição pectocelulósica, sem espessamentos angulares. Cada célula apresenta um único e grande vacúolo e diversos oleocorpos. Os oleocorpos formam grupos de corpos esféricos ou ovalados, constituídos por sesquiterpenoides. Pigmentos flavonóides foram encontrados constituindo as paredes de algumas células do talo. A partir da face ventral, podem emergir tubers de formato arredondados, com um parênquima contendo grãos de amido, funcionando como um órgão armazenador de substâncias de reserva. Nas coletas realizadas no Rio Grande do Sul, foram identificados dois morfotipos: morfotipo 1, com poucos oleocorpos por célula e sem tubers; morfotipo 2, com muitos olecorpos por célula e presença de tubers. Os gametângios estão distribuídos em fileiras na região mediana, na face dorsal, sendo normalmente duas fileiras, de anterídios, e uma, de arquegônios. Os arquegônios apresentam um material polissacarídico na região do canal do ventre, o que pode facilitar a entrada dos anterozoides. Os anterídios são pedunculados e ovais, apresentam uma única camada de células estéreis protetora e estão inclusos, individualmente, em uma câmara anteridial, com poro apical. Após a fecundação da oosfera, forma-se um esporófito que permanece circundado pela caliptra e pelo celocaule, até a maturação dos esporos. O esporófito é formado pela cápsula, seta e pé. A parede da cápsula é biestratificada e apresenta espessamentos angulares na epiderme e anelares ou helicoidais, no estrato interno ou subepidérmico. Na base da cápsula, ocorre formação de um denso elateróforo. A cápsula se abre através de quatro fendas longitudinais de deiscência, os estômios, as quais resultam na formação de quatro valvas. A seta é cilíndrica, hialina e levemente estriada, apresentando grãos de amido nas células parenquimáticas da região cortical e epiderme. A elevação ocorre por expansão celular. O pé tem formato de “taça” e apresenta diversos grãos de amido. Na junção gametófitoesporófito (placenta) ocorre um espaço placental. Não foram encontradas células de tranferência na zona da placenta, tanto no gametófito como no esporófito. O tecido esporogênico apresenta células com paredes pectocelulósicas delgadas, a partir do qual se diferenciam dois tipos celulares: os esporócitos, arredondados e com uma parede espessada hialina, e os elaterócitos, mais alongados e com parede espessada de natureza péctica. As células- mãe de esporos são tetralobadas e se individualizam. Nesse estádio apresentam uma parede espessada mais delgada e de natureza hemicelulósica. A meiose leva à formação de quatro esporos unicelulares. Ao redor de cada esporo, deposita-se uma delgada primexina. O desenvolvimento dos esporos é endospórico, e os protonemas jovens, envolvidos ainda pela esporoderme, são esferoidais ou subesferoidais, com células de paredes pectocelulósicas delgadas, muitas vezes repletas de grãos de amido. A esporoderme está estratificada em uma intina, de composição pectocelulósica, e uma exina, impregnada constituída por esporopolenina. A exina forma uma escultura do tipo rugulada. Os elatérios morrem na maturidade e apresentam de duas a três bandas de espessamentos helicoidais, de pigmentação amarronzada e natureza fenólica e polissacarídica. Na exina, a esporoderme apresenta uma região de escultura reduzida.

ASSUNTO(S)

teses gametangia liverworts anatomia vegetal : morfologia vegetal ontogeny sporogenesis

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