Morfoanatomia dos órgãos vegetativos de Mandevilla atroviolacea (Stadelm.) Woodson (Apocynaceae, Apocynoideae) em um afloramento rochoso no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro MG / Morphoanatomy of vegetative organs of Mandevilla atroviolacea (Stadelm.) Woodson (Apocynaceae, Apocynoideae) of on rock outcrops in the Serra do Brigadeiro State Park MG

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Mandevilla atroviolacea (Apocynaceae, Apocynoideae) é uma liana caracterizada pela presença de látex nos órgãos vegetativos, pelas flores vistosas e por sistema subterrâneo desenvolvido. No Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), M. atroviolacea ocorre de forma isolada ou formando populações de indivíduos em um afloramento rochoso a 1400m de altitude. Normalmente as plantas ocorrentes nesses locais apresentam adaptações à falta de água e à escassez de substrato. O trabalho teve como objetivo caracterizar morfo-anatomicamente os órgãos vegetativos de M. atroviolacea ocorrente em um campo de altitude no (PESB), com ênfase na caracterização do sistema de laticíferos e do sistema subterrâneo, visando identificar estruturas que possam auxiliar na interpretação das estratégias adaptativas da espécie, bem como aquelas de valor taxonômico. Amostras de ápice caulinar e radicular, folha, caule e raízes tuberosas, bem como regiões do hipocótilo e do órgão tuberoso de plantas obtidas de indivíduos jovens e adultos foram coletados num afloramento rochoso do PESB. Posteriormente, essas amostras foram fixadas em glutaraldeído 2% em solução tampão fosfato de sódio 0,1 M pH 7,0 de Sorenson, desidratadas em série etílica e incluídas em historresina. Foram realizadas secções com auxílio de micrótomo rotatório, entre 7-10μm de espessura, os cortes corados com azul de toluidina em pH ácido e as lâminas montadas com resina sintética. Testes histoquímicos foram realizados em amostras frescas de folhas, caules e raízes, seccionadas em micrótomo de mesa e as lâminas montadas com glicerina 50%. O sistema subterrâneo de M. atroviolacea corresponde a um xilopódio na porção proximal com auto-enxertia de ramos e elevada capacidade gemífera e na porção distal um órgão tuberoso de origem caulinar, associado às raízes laterais tuberosas. Nestas, ocorre proliferação das células parenquimáticas corticais e daquelas do floema secundário, formando um tecido relacionado à reserva de água (são raízes suculentas) e de substâncias, principalmente o amido. Os laticíferos de M. atroviolacea são do tipo articulado anastomosado; se originam da atividade do meristema fundamental e/ou do procâmbio e já se encontram em fase secretora desde a sua formação na região meristemática. Nas raízes tuberosas, os laticíferos são originados a partir da atividade do câmbio e/ou felogênio e da desdiferenciação de células parenquimáticas do córtex. A parede dos laticíferos é mais espessa que a das células adjacentes, sendo exclusivamente primária e pectocelulósica. A secreção dos laticíferos contém uma emulsão de substâncias lipofílicas, rica em lipídios neutros, óleo-resinas e borracha. O elevado potencial gemífero e o acúmulo de água e de substâncias de reserva observados no sistema subterrâneo de M. atroviolacea, bem como a presença do látex nos órgãos vegetativos atuando na proteção contra patógenos e herbíboros, representam importantes estratégias para a sobrevivência da espéce às condições adversas as quais está submetida.

ASSUNTO(S)

sistema subterrâneo laticiferous underground system anatomia vegetal mandevilla mandevilla laticíferos

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