Morbidade materna grave em uma maternidade de referencia municipal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Objetivo: Rever a literatura sobre prevalência, definições e experiências de utilização de auditorias para morbidade materna grave e morbidade extremamente grave, e descrever prevalência e identificar fatores que diferenciam este último grupo das outras morbidades graves em uma maternidade de referência de um grande centro urbano. Métodos: Foi elaborado um artigo de revisão sobre morbidade materna grave. Também foi realizado um estudo de corte transversal entre mulheres internadas no HMCP-PUC-Campinas durante o período gravídico-puerperal. Os dados foram coletados dos prontuários médicos, em período de 10 meses. Identificaram-se os casos de morbidade materna grave pelos critérios de Waterstone. Um subgrupo de morbidade materna extremamente grave, com falência orgânica e demandas especiais para manejo, foi identificado utilizandose critérios de Mantel. Os casos de severidade extrema e os outros casos de morbidade grave foram comparados quanto às suas condições clínicas e fatores associados, utilizando-se razão de prevalência e seu respectivo intervalo de confiança a 95%. Resultados: Na revisão bibliográfica, observou-se prevalência de morbidade materna grave variando de 0,4% até 12%, de acordo com os critérios definidores. Também se verificou a dificuldade em apenas utilizar os critérios de Mantel que identificam os casos extremamente graves ou near miss porque estes excluem quadros clínicos graves e comuns, como os associados a síndromes hipertensivas. Constatou-se o interesse crescente no uso da morbidade, particularmente no extremo da gravidade, em auditorias clínicas visando qualificar a assistência. No estudo realizado, foram encontrados 99 casos de outras morbidade grave (44,9/1000 partos) e 15 de morbidade materna extremamente grave (6,8/1000 partos) em 2.207 nascimentos. Não houve diferença entre os dois grupos com relação à idade materna, paridade, idade gestacional no parto, estado marital e local de moradia. Os casos de morbidade extremamente grave (near miss) foram identificados predominantemente por internação em UTI e hemorragia, mas nos outros casos predominou hipertensão, seguida por hemorragia. Conclusão: Apesar da ausência de consenso sobre definições operacionais, parece viável e promissor utilizar o potencial dos eventos de morbidade materna grave na qualificação da assistência obstétrica. A prevalência dos casos de extrema gravidade e outros casos de morbidade grave não diferiu da literatura, sendo o último grupo quase sete vezes mais freqüente que o primeiro na maternidade de referência municipal de um grande centro urbano. Exceto a condição clínica de base, com hemorragia predominando nos casos extremos e hipertensão nos outros, não houve diferenças em potenciais fatores de risco para ocorrência de situações mais severas

ASSUNTO(S)

gravidez mortalidade materna morbidade

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