Moralidade e honra : os juízos de adolescentes em medidas socioeducativas de internação

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/08/2010

RESUMO

Esta pesquisa consiste em um estudo sobre o juízo a respeito da honra em adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação. Participaram dessa investigação 30 adolescentes, com idade variando entre 16 e 17 anos, do sexo masculino, que no momento da coleta de dados eram internos em uma unidade do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), na região metropolitana da grande Vitória/ES. Realizamos entrevistas individuais, de acordo com o método clínico proposto por Piaget (1926/s.d.; 1932/1994). Por intermédio dos resultados encontrados, constatamos que, quanto: (1) à caracterização dos participantes, a maioria dos adolescentes estuda na instituição, onde cursam, principalmente, as séries finais do ensino fundamental. No que diz respeito aos delitos cometidos, que culminaram com sua entrada na instituição, verificamos que os internos mencionam, dentre outros: roubo ou furto, tráfico de drogas ou associação ou uso, homicídio ou latrocínio e tentativa de homicídio ou tentativa de latrocínio; (2) às admirações e não admirações sobre si mesmo, os dados permitiram-nos concluir que os entrevistados admiram, com maior incidência, a perseverança/força de vontade, o respeito pelas pessoas e a bondade/generosidade; ademais, averiguamos que as não admirações que os jovens citam com maior frequência são o comportamento antissocial no relacionamento interpessoal, a ação relacionada a delito, a ausência de autocontrole e a autossuficiência; (3) à representação a respeito do juízo da sociedade sobre si mesmo, os participantes ponderam ser considerados como uma pessoa que, dentre outros aspectos, transgride, não mudará de vida, possui qualidade ruim, possui qualidade boa, futuro é a morte, é um perigo para a sociedade e mudará de vida; (4) à honra propriamente dita, os jovens exemplificam-na por meio da reputação, melhora no relacionamento interpessoal, dedicação ao trabalho, dentre outros. Por sua vez ao conceituarem a honra evidenciam, principalmente, respostas de reputação, ação correta e bondade/generosidade. Por fim, a maioria dos adolescentes afirma ser honrado, justificando pelos seguintes conteúdos, dentre outros: mudança de vida, ação relacionada a delito, bondade/generosidade e melhora no relacionamento interpessoal. É necessário salientar que em nossos resultados há uma predominância de respostas e justificativas associadas à moralidade e, portanto, ao conceito com honra (La Taille, 2002b). Com efeito, destacamos que nosso trabalho contribui para com a compreensão do universo dos adolescentes em medidas socioeducativas de internação, evidenciando dados que poderão conduzir práticas, reflexões e outras pesquisas. Finalmente, ao fornecermos elementos sobre a honra desses jovens, estamos colaborando, acadêmica e socialmente, para a concretização de uma vida boa (La Taille, 2006). Para nós, este é o caminho que devemos construir, socialmente, com o outro e para o outro

ASSUNTO(S)

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