Modos de expressão da resistência no cotidiano do trabalho bancário

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta tese tem como objetivo investigar que possibilidades de expressão a resistência assume no cotidiano do trabalho bancário. Está estruturada a partir de três principais eixos de análise: espaço-temporalidade, trabalho imaterial e resistência. Para o percurso teórico foram eleitos autores como Gilles Deleuze, Félix Guattari, David Harvey, Zygmunt Bauman, Paul Virilio, Peter Pal Pelbart, Maurizio Lazzarato, Toni Negri, Michael Hardt, Vincent de Gaulejac, Philippe Zarifian e Richard Sennett. A pesquisa empírica contou com uma fase exploratória e dois estudos de caso, em dois bancos públicos, um de Lisboa/Portugal e outro de Porto Alegre/Brasil. Os dados foram coletados com o uso de questionários e entrevistas individuais semi-estruturadas, com diferentes atores sociais envolvidos. A análise dos dados seguiu orientações da Hermenêutica de Profundidade, de Thompson (1995). Os resultados apontam que os modos de expressão da resistência no cotidiano do trabalho bancário mostram-se de difícil verbalização face à percepção, disseminada pela gestão e, muitas vezes, reproduzida pelos próprios bancários, de que resistir não é uma atitude esperada ou desejada no ambiente de trabalho. Resistir a um modo de gestão que produz um estilo de vida e que tende a levar ao anestesiamento dos sentidos, em direção à aceitação incondicional dos projetos organizacionais, constitui-se um desafio para os bancários, que é resistir a si próprio. O sujeito do trabalho bancário, em função da atual configuração espaço-temporal e do trabalho imaterial, encontra-se exposto a constrangimentos e segmentações, advindos das estratégias de gestão, que se configuram como impeditivos dos modos de expressão da resistência. Os modos de expressão da resistência se sustentam na cooperação nos grupos restritos e apresentaram-se em geral, de forma súbita, passageira e inócua no que se refere a provocar mudanças na organização do trabalho. Observou-se um modo de expressão da resistência que se denominou resistência seletiva, relacionada ao consentimento instrumental e que visa a atender aos interesses individuais dos bancários em relação não só à sua permanência no trabalho, como à sua alocação nos lugares de comando da estrutura organizacional. A resistência seletiva somente se sustenta quando é velada ou invisibilizada.

ASSUNTO(S)

trabalho bancário space-time administração de pessoal immaterial work modes of expression of resistance trabalho imaterial banking work

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