Modernização da Agricultura: expropriação camponesa e precarização do trabalho no agronegócio da manga em Livramento de Nossa Senhora (BA) / Modernization of Agriculture: expropriation peasant and precarization of the work in the agro business of the mango in Livramento de Nossa Senhora (BA)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/02/2011

RESUMO

A presente dissertação tem como objetivo compreender as transformações espaciais ocorridas na agricultura de Livramento de Nossa Senhora (BA) a partir da implantação do Projeto de Irrigação do Vale do Rio Brumado, na década de 1980, e seus desdobramentos no que se refere à relação capital versus trabalho no agronegócio da manga. A escolha do recorte espaço-temporal levou em consideração as ações da Política de Irrigação para o Nordeste Semiárido, pela qual o Estado buscou, através da disponibilidade de infraestrutura, modernizar o território e, assim, fornecer as condições adequadas para o capital territorializar-se. A territorilização do capital em Livramento de Nossa Senhora ocorre através do agronegócio fruticultor exportador de manga. Nesse sentido, tornam-se evidentes as novas dinâmicas espaciais tanto no campo quanto na cidade, decorrentes da funcionalidade que o município assume como polo produtor frutícola. As lavouras voltadas para a produção de gêneros de primeira necessidade passaram a ocupar cada vez menos espaço e, em contrapartida, a mangicultura tem tido um crescimento considerável, situação que coloca o município como um importador de produtos básicos da alimentação, como arroz e feijão. A metodologia utilizada na pesquisa esteve pautada na abordagem qualitativa, compreendendo diversos instrumentos de coleta de dados, tais como entrevistas, diário de campo, registro fotográfico e relatos orais. No referencial teórico, discuti-se os conceitos de campesinato e trabalho no contexto da implantação dos projetos de irrigação no Nordeste semi-árido, com base nos estudos sobre a recriação do campesinato enquanto produto do desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo. Questionou-se quem são os beneficiados com as ações da Política de Irrigação implementada no Nordeste semi-árido, de modo a trazer à tona as contradições e movimentos que permeiam tais ações, cujos resultados têm sido camuflados pelo Estado para atender às demandas do capital financeiro. Nesse contexto, defende-se a importância de pensar os sujeitos que vivem na Caatinga a partir de suas singularidades, havendo, para isso, a necessidade de conceituar esse sujeito como camponês caatingueiro por reconhecer que o seu modo de vida, em seus diferentes aspectos (culturais, sociais e econômicos), difere significativamente dos sujeitos denominados de sertanejos. Com a inserção do agronegócio da manga no município, presenciou-se profundas transformações nas relações de trabalho no campo, como a quase extinção de relações não capitalistas de produção (parceria e meação), ao passo que houve uma intensificação do assalariamento. A exploração de camponeses e trabalhadores que mesmo morando na cidade voltam ao campo para trabalhar tem aumentado, sendo que a presença dos empreiteiros gatos tem contribuído, sobremodo, para que isso ocorra. Estes trabalhadores ocupam-se temporariamente em atividades nas lavouras, galpões e Packing houses, em sua maioria, sem ter garantidos os direitos trabalhistas, haja vista que trabalham como boias-frias e diaristas, sem registro em carteira e sob condições precárias de trabalho.

ASSUNTO(S)

projeto de irrigação no nordeste semiárido agronegócio da manga camponês caatingueiro precarização do trabalho livramento de nossa senhora. geografia 1.projeto irrigação-nordeste 2. agronegócio-manga 3. precarização do trabalho- camponês 4. agronegócio da manga- livramento de nossa senhora(ba) half-barren project of irrigation agrobusiness of the mango caatingueiro peasant precarious of the work.

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