Modelo Hamster (Mesocricetus auratus waterhouse, 1839) para estudo da toxoplasmose congênita

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Atualmente não se dispõe de vacinas contra a toxoplasmose humana, mas têm-se desenvolvido modelos animais em ratas e camundongos para o ensaio imunológico contra a toxoplasmose. No entanto, estes modelos têm mostrado certas limitações. É aconselhável contar com ensaios efetuados em diversas espécies animais antes de comprometer-se com custosos ensaios finais de vacinação, já que as diversas espécies animais, respondem diferentemente frente aos mesmos imunógenos. O objetivo geral do presente trabalho foi então, indagar a aplicabilidade de um modelo hamster para o estudo da imunidade contra a toxoplasmose congênita. Os objetivod específicos foram: verificar a transmissão congênita de Toxoplasma durante o estágio crônico da infecção; verificar a transmissão congênita de Toxoplasma durante o estágio agudo da infecção; verificar a ocorrência da transmissão lactogênica no desenho experimental proposto, e questionar a proteção contra a toxoplasmose congênita, conferida pela imunidade estéril e mediante a premunição. O cumprimento dos objetivos possibilitará o uso de imunizações (com Toxoplasma gondii viável) em futuros estudos, assim como conhecer a eficácia dos desafios efetuados em hamster, e também permitirá conhecer se o imunógeno mais simples disponível é suficiente para conferir proteção contra a toxoplasmose congênita. Quanto ao ensaio da imunidade na fase crônica da toxoplasmose foi possível comprovar nas condições deste experimento que ela não ocorre, pois as 10 fêmeas hamster inoculadas com 40 oocistos da cepa ME-49 antes de serem acasaladas, tiveram filhotes negativos para anticorpos anti-T.gondii. No modelo de infecção aguda, 100% das fêmeas inoculadas com 102 oocistos da cepa Prugniaud durante a gestação foram positivas, e houve 60% de transmissão transplacentária para seus filhotes e 40% de transmissão transmamária para filhotes adotados. Também, 100% das fêmeas inoculadas com 103 oocistos da mesma cepa durante a gestação foram positivas e nos seus filhotes ocorreram 100% de transmissão transplacentária, e em 40% dos filhotes adotados houve transmissão transmamária. Num terceiro experimento, em fêmeas inoculadas com a cepa RH e medicadas houve sobrevivência de 86,6% e a extinção da cepa RH em 46,15% dos cérebros. No modelo para testar a proteção com cepa RH contra oocistos de T. gondii de cepa heteróloga, não houve transmissão de toxoplasmose congênita em 100% das mães imunizadas com RH e desafiadas com Prugniaud e em 50% das mães imunizadas com RH e desafiadas com M3. O desafio heterólogo após imunização com a cepa RH, nesse experimento conferiu total proteção (100%) em hamsters duas vezes imunizadas com a cepa RH contra desafio com bradizoítos e oocistos com as cepas Prugniaud e M-7741, mas a proteção com oocistos de M3 foi parcial (67%). As conclusões foram o hamster é um modelo promissor para o estudo da toxoplasmose congênita, uma vez que a infecção crônica antes da prenhez, com oocistos da cepa ME49, protegeram as ninhadas e a infecção aguda durante a prenhez, com a cepa Prugniaud, resultou em transmissão transplacentária. Houve transmissão lactogênica mas não foi confirmada sua importância epidemiológica com a metodologia empregada. O hamster também se mostrou promissor para o estudo da proteção contra T. gondii tendo em vista que a infecção com cepa RH conferiu proteção total (contra Prugniaud e M7741) ou parcial (contra M3) das ninhadas contra cepas heterólogas.

ASSUNTO(S)

toxoplasmose congênita doenças parasitárias : prevenção e controle imunologia veterinaria

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