Modelagem ecohidrológica usando o PHABSIM como suporte para a gestão de recursos hídricos, com foco na outorga de uso de água / Hydrological Modeling Using the PHABSIM as a Decision Support for Water Management And Water Right as a Focus

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/11/2011

RESUMO

Apesar de a água cobrir quase dois terços da superfície do planeta, a escassez de recursos hídricos tem sido apontada como um dos mais preocupantes problemas atuais e futuros. Neste contexto surgiu a ecohidrologia, que pode ser considerada uma nova área interdisciplinar que associa os processos hidrológicos e ecológicos envolvidos com o ciclo da água, visando compreender a dupla regulação dos processos hidrológicos e ecológicos. Com base no exposto, este trabalho teve como objetivo estabelecer o hidrograma ecológico para a bacia do rio Formoso visando a gestão de recursos hídricos e, em especial, a outorga de uso de água. O rio Formoso está localizado na região oeste da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, sendo sua área de drenagem de 398 km2. A área de estudo foi dividida em dois trechos de 1 km de extensão, sendo um em região da bacia mais preservada (trecho 1) e outro em região mais degradada (trecho 2). Foram realizadas duas campanhas de campo, uma durante o período chuvoso (março/2011) e outra no período seco (junho/2011), onde foram obtidos os dados de velocidade, profundidade, vazão, substrato, cobertura, número e tipos de espécies-alvo. As campanhas de campo mostraram que no primeiro trecho analisado no rio Formoso encontrou-se um número maior de espécimes de peixes (67% espécimes no período chuvoso e 33% espécimes no período seco) que o segundo trecho (56% espécimes no período chuvoso e 44% no período seco), uma vez que o trecho 1 corresponde à região da bacia do rio Formoso mais preservada. No trecho 1 foram encontradas profundidades de 0,04 a 1,35 metros e vazões médias de 6,15 ms-1 no período chuvoso e de 3,7 ms-1 no período seco. No trecho 2 as profundidades do canal do rio variaram de 0,40 a 1,85 metros e a vazão média no período chuvoso foi de 7,6 ms-1 e no período seco foi de 5,56 ms-1. Os dados obtidos em campo foram processados com o software PHABSIM para a obtenção das vazões ecológicas ótimas para cada espécie analisada e, com estas vazões, determinou-se uma faixa de vazão ecológica mínima para os dois trechos analisados de 4,5 a 5,5 ms-1. As vazões mínimas de referência encontradas no trecho 1 do rio formoso foram de 1,58 ms-1 para a Q7,10, 1,85 ms-1 para a Q95 e 2,10 ms-1 para a Q90. Já no trecho 2 os valores foram de 2,82 ms-1 para a Q7,10, 3,30 ms-1 para a Q95 e 3,74 ms-1 para a Q90. Com base nestes dados, conclui-se que os critérios de outorga utilizados no Brasil são insuficiêntes no âmbito ecológico, uma vez que as vazões remanescentes obtidas através desses critérios não mantém uma faixa de vazão mínima que suficientes para permitir a vida aquática no rio Formoso. Com os dados da estação fluviométrica de Tabuleiro-MG elaborou-se hidrogramas e aplicou-se a faixa de vazão mínima ecológica encontrada, verificando-se que o período crítico para a outorga de uso de água abrange os meses de junho a outubro, necessitando neste período de uma maior atenção do órgão outorgante de forma a não permitir uma extração de água que coloque em risco a biota existente no rio. A análise dos hidrogramas do ano mais seco e do ano mais chuvoso mostrou períodos com vazões abaixo da mínima ecológica, indicando a necessidade da implantação de técnicas de conservação de solo e preservação de nascentes que garantam maiores vazões no período de estiagem.

ASSUNTO(S)

hidrograma ecológico engenharia de agua e solo vazão ecológica gestão de recursos hídricos hydrograph ecological ecological flow water resources management

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