Modelagem do desmatamento no noroeste mato-grossense

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A Amazônia é o maior bioma de floresta tropical do mundo, contendo a maior porção remanescente de floresta tropical e um quinto da água fresca do mundo. Em termos ambientais, 700.000 km2, ou 17% da cobertura florestal da Amazônia brasileira foram desmatados até 2005. A maior parte deste desmatamento esta concentrada no arco do desmatamento, região que abrange a porção sul e sudeste do Pará, todo o norte matogrossense e a região central de Rondônia. Dentre estes estados o Mato Grosso merece atenção especial; nos últimos 10 anos o estado foi responsável por no mínimo 35% do desmatamento registrado anualmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. No ano de 2004 este patamar elevou-se para 48%. Se historicamente a pecuária de corte é tida como o principal indutor do desmatamento, ocupando hoje aproximadamente 75 % da área total desmatada na Amazônia, no Mato Grosso a expansão dos campos de soja tem ganhado importância neste cenário. O aumento considerável das taxas de desmatamento no estado no período 2000-2004 coincide com a chegada da soja no bioma Amazônico. Embora esta cultura venha se estabelecendo primordialmente em áreas de pastagem, ela obriga a pecuária a se deslocar para regiões de fronteira à procura de novas áreas a serem abertas. Em vista do exposto acima este trabalho teve como objetivo caracterizar a atual dinâmica do desmatamento no Mato Grosso e fazer projeções futuras sobre a configuração espacial dos remanescentes florestais na região de estudo. Para realizar tais projeções utilizamos um modelo espacialmente explícito baseado em autômatos celulares denominado DINAMICA. Através do DINAMICA simulamos três cenários distintos em duas escalas de abordagem: (1) todo o centro norte e noroeste mato-grossense, (2) o município de Colniza-MT. Nas duas escalas de abordagem os cenários modelados foram: (1) usual - baseado na taxa anual de desmatamento registrada no período 2000-2004, (2) intermediário - baseado na taxa de desmatamento registrada entre 2004-2005, onde houve uma redução de aproximadamente 50% na taxa de desmatamento, (3) otimista - baseado em parte do Código Florestal brasileiro que estabelece reserva legal de 80% em propriedades de sobre domínio florestal, entretanto para escala regional este percentual foi reduzido a 50% pelo fato de que 32% das florestas já haviam sido desmatadas no ano de 2004. Na escala regional, dentre os 3 cenários modelados para o ano de 2020, somente o cenário otimista manteria a matriz de estudo predominantemente florestal com uma razoável conexão entre os fragmentos florestais. Caso mantivermos as taxas de desmatamento observadas nos cenários usual e intermediário, chegaremos ao ano de 2020 com respectivamente 69,3% e 55% da área total desmatada, ficando os remanescentes florestais limitados às unidades de conservação, terras indígenas e ao extremo noroeste do estado. As projeções feitas isoladamente para Colniza mostram embora o município ainda tenha mais de 90% de suas terras cobertas por floresta, o ritmo atual de desmatamento reduziria este patamar até 2020 para aproximadamente 70% e que o respeito à reserva legal de 80% seria de grande valia para a manutenção da qualidade ambiental do município.

ASSUNTO(S)

mudança de uso e cobertura da terra amazon recursos florestais e engenharia florestal modelagem espacial amazônia colniza colniza land use and land cover change spatial modelling

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