MISSÃO CON-TATO: A DINÂMICA DO JOGO COOPERATIVO NA ORGANIZAÇÃO

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

As novas demandas decorrentes das modificações nos meios de produção, de ordem tecnológicas, ideológicas e sociais provocaram a revisão da noção de competência profissional. O homem, percebido como patrimônio fundamental para as empresas, passou a ser engrenagem necessária ao alcance do sucesso organizacional. Construir comprometimento, engajamento e eficiência e ao mesmo tempo consolidar equipes de alta performance e auto gerenciáveis, exigiu a revisão das práticas de desenvolvimento e treinamento de pessoal (MALVEZZI, 1999). Antes baseadas na transmissão de informações técnicas, essas práticas passaram a buscar ferramentas para desenvolvimento de habilidades pessoais e interacionais. A dinâmica de grupo aparece como estratégia promissora, fornecendo espaço para produção tanto de pesquisa como de intervenção dos grupos de trabalho. O jogo surge na empresa como promessa para seleção, treinamento e avaliação. Todavia, sua disseminação rápida e desordenada contribuiu para seu afastamento de uma fundamentação teórica consolidada cientificamente. Encontra-se o jogo pelo jogo, sem avaliação de suas reais possibilidades. Um bom exemplo são os chamados jogos cooperativos que prometem o alcance da cooperação sem que haja definição desse conceito. A cooperação na perspectiva construtivista (PIAGET, 1994 E KOHLBERG, 1981) aparece como um termo de equilíbrio para o qual tende todo sujeito em suas construções morais ao longo da vida. Não se trata de uma estrutura pré-formada que se apresenta conforme cada circunstância ou que possa ser transmitida mediante treino. Esta pesquisa, fruto de questionamentos produzidos ao longo de uma experiência profissional de dez anos da autora, como consultora de recursos humanos, reuniu um grupo de dez profissionais médicos de uma instituição pública de saúde com o intuito de avaliar as possibilidades oferecidas pelo jogo Missão Con-tato, criado especialmente para essa ocasião, com base na teoria de Piaget (1994) visando observação da cooperação em um grupo. Realizada em duas etapas, esta pesquisa compreendeu: 1) aplicação de entrevistas, preliminares e posteriores, voltadas à verificação da concepção de cooperação; 2) aplicação do jogo Missão Con-tato. As entrevistas demonstraram, pela comparação dos dois momentos da entrevista, ausência de fidelidade dos sujeitos às idéias sobre cooperação. O jogo, aplicado duas vezes, consistiu, na primeira etapa, na escolha de estratégias não cooperativas. Discussão sobre erros, ações e conflitos ocorridos no grupo, durante o processamento da rodada inicial, podem ter favorecido a revisão das ações efetuadas, o que permitiu ao grupo, na segunda etapa, alcançar uma estratégia cooperativa. Pode-se perceber a importância do jogo no treinamento como possibilidade de produção de desequilíbrios cognitivos que promovam a revisão das condutas relativas à cooperação, mas não o suficiente para garantir a estruturação das noções de cooperação pelo indivíduo.

ASSUNTO(S)

jogo cooperation development / training psicologia desenvolvimento cooperação

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