Mineração também é lugar de mulher!: desvendando a (nova?!) face da divisão sexual do trabalho na mineração de ferro

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/08/2011

RESUMO

Dentre as principais mudanças acorridas no mundo do trabalho nos últimos anos, a crescente participação das mulheres nos espaços públicos e produtivos - além do espaço doméstico, historicamente ocupado por elas -, apresenta-se de maneira intensa e constante. A divisão do trabalho entre homens e mulheres é algo antigo. O que há de novo são as novas faces que essa divisão sexual do trabalho apresenta em determinados segmentos industriais em que predominam a mão de obra masculina ou feminina. Em se tratando da Mineração de Ferro, apesar de sua importância histórica, econômica e social para o Brasil, ainda são raras as pesquisas sobre o trabalho neste segmento industrial, sobretudo abordando questões relacionadas às relações sociais de sexo e a divisão sexual do trabalho. A presente tese é fruto de uma pesquisa desenvolvida em uma mineradora de grande porte situada no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Tendo como pano de fundo os desafios e possibilidades das mulheres no mercado de trabalho neste segmento industrial, buscou-se desvendar a nova face da divisão sexual do trabalho neste ambiente majoritariamente masculino. Problematizou-se a inserção, permanência e ascensão profissional de mulheres em áreas e funções historicamente masculinas; o desenvolvimento e avaliação de competências supostamente naturais das mulheres; os impactos das inovações tecnológicas do setor e da crescente escolaridade e formação profissional feminina em suas relações de trabalho neste ambiente. Buscou-se também evidenciar como as trabalhadoras têm articulado o trabalho assalariado e o trabalho doméstico, assim como as estratégias de luta e resistência dessas mulheres. Por fim, buscou-se evidenciar as mudanças e continuidades, deslocamentos e permanências presentes na divisão sexual do trabalho na mineração de ferro no momento atual. Tendo em vista as contradições inerentes a este processo, este estudo ancorou-se nas contribuições dos/as pesquisadores/as: Kergoat (1982 a 2010), Hirata (1993 a 2010), Le Doaré (1994), Izquierdo (1990), Bruschini e Lombardi (2003, 2008); Louro (1996, 2008), Segnini (1998), Saffioti (2000), Souza Lobo (1991), Carola (2002), Castilhos e Castro (2006), Machado (2008), Neves (1994, 2000, 2004) entre outros/as. Os dados quali- quantitativos foram obtidos nas estatísticas do IBGE (2000, 2010), IPEA (2008), Fundação Carlos Chagas (2008), Observatório Brasil de Igualdade de Gêneros (2009, 2010), IBRAM (2008) e outros; na análise documental, no conteúdo das entrevistas em profundidade realizadas com gestores e trabalhadoras atuantes em cargos técnico-operacionais na empresa investigada e nas observações de situações reais de trabalho. Os resultados obtidos apontam para diversos deslocamentos e mudanças na divisão sexual do trabalho na mineração de ferro, mas também para situações de continuidades e permanências. As fronteiras que separam o trabalho de homens e mulheres neste segmento industrial estão se deslocando, tornando-se mais tênues e flexíveis, mas ainda estão longe de serem superadas. Ressalta-se, no entanto, um avanço na política de igualdade de oportunidades oferecida pela empresa mineradora o que possibilita corrigir, em parte, tradicionais práticas discriminatórias -, assim como as estratégias de luta e resistência das mulheres, que estão encontrando no ambiente pesado, sujo e inóspito da mineração de ferro, em funções e cargos historicamente masculinos, oportunidades, possibilidades e opções de inserção e permanência no mundo do trabalho assalariado.

ASSUNTO(S)

educação  teses trabalho  aspectos sociais divisão do trabalho por sexo    trabalho feminino     ferro minas e mineração 

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