Merleau-Ponty: the experience of the body as a sexual being / Merleau-Ponty: a experiÃncia do corpo como ser sexuado

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O objetivo deste trabalho à analisar a concepÃÃo de corpo e sexualidade numa perspectiva fenomenolÃgico-psicanalÃtica, e, a partir dessa reconstruÃÃo, compreender a noÃÃo de inconsciente carnal em Merleau-Ponty, noÃÃo que passa a ser instituÃda a partir de uma articulaÃÃo com a teoria psicanalÃtica. Para tanto, o trabalho tem como base investigativa a primeira parte da Fenomenologia da PercepÃÃo de Maurice Merleau-Ponty, texto capital no qual à explorado o tema da experiÃncia do corpo prÃprio e seu contraponto crÃtico Ãs teorias tradicionais vigentes na ciÃncia e na metafÃsica modernas. A doutrina cartesiana do corpo està fundada no princÃpio de que o pensamento à anterior à percepÃÃo, isto Ã, o espÃrito possui primazia metafÃsica e cognitiva em relaÃÃo ao corpo. O corpo se caracteriza por exercer uma funÃÃo meramente instrumental em relaÃÃo à alma. O empirismo, por seu turno, fundamenta o conhecimento na experiÃncia sensÃvel em que o corpo se define como um pedaÃo da matÃria, um objeto de estudo da anatomia. Ora, Merleau-Ponty identifica, nessas duas posiÃÃes canÃnicas (intelectualismo e empirismo), uma convergÃncia de base: um princÃpio dualista de abordagem, que camufla a experiÃncia mais prÃpria dos fenÃmenos percebidos, dentre eles, a experiÃncia do corpo prÃprio  dualismo que cinde nossa experiÃncia interna e externa, espiritual e corporal. Assim, a tradiÃÃo termina por mascarar a verdadeira experiÃncia do corpo de tal maneira que a sexualidade nÃo passa de um instinto, de um processo fisiolÃgico isolado, um mecanismo predeterminado. Para a tradiÃÃo filosÃfica ou atà mesmo cientÃfica, a afetividade se torna um tema irrelevante, sem receber qualquer estatuto ontolÃgico mais proeminente. Diferentemente, mostra Merleau-Ponty, Freud terà sido aquele que lanÃarà novas bases teÃricas no sentido de se repensar mais radicalmente a experiÃncia da sexualidade, ao considerar o fato de que tudo o que o ser humano faz tem um ou mais sentidos. Assim, a sexualidade nÃo à apenas um processo fisiolÃgico isolado, jà que o prÃprio homem à visto como um ser cultural e histÃrico, um ser produtor de sentido, pois o corpo se revela, em sua radicalidade Ãltima, como âser sexuadoâ. Sem jamais se reduzir à condiÃÃo de objeto, o corpo se torna fonte de sentido. à uma experiÃncia viva. A sexualidade se torna, pois, a deflagraÃÃo mais genuÃna desse movimento dialÃtico e paradoxal. Ora, essa à uma caracterÃstica fundamental da corporeidade que Freud jà presumirà em sua experiÃncia clÃnica. Apesar da ambivalente relaÃÃo de Freud com a filosofia, este estudo faz uma lacÃnica incursÃo na sua teoria, enfocando as noÃÃes de desejo e de inconsciente, para reconstruir a problemÃtica sobre o inconsciente em Merleau-Ponty. Este, ao mesmo tempo em que reconhece o mÃrito freudiano, critica e questiona alguns pontos, para propor a sua prÃpria noÃÃo de inconsciente carnal. Essa proposta tem como eixo central a noÃÃo de carne, que culmina numa reabilitaÃÃo ontolÃgica do sensÃvel e anuncia uma provocaÃÃo à concepÃÃo de inconsciente estruturado como linguagem, tipicamente lacaniana.

ASSUNTO(S)

corporeidade fenomenologia percepÃÃo corpo humano filosofia merleau-ponty, maurice, 1908-1961 filosofia francesa sexualidade freud inconsciente corpo merleau-ponty freud, sigmund, 1856-1939 body unconscious freud sexuality

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