Meningoencefalite por Listeria monocytogenes em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico
AUTOR(ES)
Pereira, Maria Eduarda Vilanova da Costa; Gonzalez, Diego Ennes; Roberto, Fernanda Badiani; Foresto, Renato Demarchi; Kirsztajn, Gianna Mastroianni; Durão Júnior, Marcelino de Souza
FONTE
Braz. J. Nephrol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2020-09
RESUMO
Resumo Introdução: As complicações infecciosas são frequentes no lúpus eritematoso sistêmico. Apesar de incomum, infecções do sistema nervoso central ocorrem e têm significativa letalidade, apresentando diversos agentes etiológicos. Métodos: Descrevemos aqui o caso de uma mulher de 29 anos recentemente diagnosticada com lúpus eritematoso sistêmico com manifestações hematológica, cutânea, serosa e renal (nefrite lúpica classe IV), submetida a pulsoterapia com corticoide e terapia de indução com micofenolato. Após 3 meses de evolução, apresentou quadro de cefaleia e alteração de estado mental. Tomografia computadorizada evidenciou área de hipoatenuação em substância branca frontal esquerda e exame de líquido cefalorraquidiano mostrava pleocitose e hiperproteinorraquia. Cultura de sangue periférico e do liquor identificaram Listeria monocytogenes. Paciente apresentou deterioração do quadro neurológico, necessitando de ventilação mecânica invasiva, monitorização de pressão intracraniana e, apesar de todo o suporte intensivo, persistiu em estado comatoso e disfunção de múltiplos órgãos, evoluindo a óbito por infecção de corrente sanguínea nosocomial. Discussão: Infecção por L. monocytogenes ocorre geralmente após ingestão de alimentos contaminados, manifestando-se por diarreia e, eventualmente, de forma invasiva como a neurolisteriose. Investigação complementar com análise de liquor e ressonância magnética faz-se necessária, sendo o diagnóstico confirmado por isolamento da bactéria em líquido corporal estéril. Conclusão: O caso representa uma paciente cujo diagnóstico de meningoencefalite tornou-se importante diferencial com atividade de doença neuropsiquiátrica. A evolução insatisfatória reforça a necessidade de se lembrar desta condição infecciosa como complicação grave na história natural do LES.
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