Memória e história na ficção de Carlos Heitor Cony: um estudo dos romances Pessach: a travessia e Romance sem Palavras / Memory and history in the fiction of Carlos Heitor Cony: a study of novels Passover, the crossing and Romance without Words
AUTOR(ES)
Deusa Castro Barros
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003
RESUMO
O presente trabalho se propõe a analisar a produção literária de Carlos Heitor Cony, mais especificamente os romances Pessach: a travessia (1967) e Romance sem Palavras (1999), considerando a inter-relação entre história e literatura nas obras analisadas, fundamentando-se nos estudos de Hyden White (1992; 1994) sobre a relação história/literatura, na noção de memória e retrospectiva encontrada em Gilberto Velho (1988; 1994), e nas reflexões sobre a construção da identidade pós-moderna apresentada por Stuart Hall (1982; 2002). A investigação na literatura de Cony enfoca a relação entre os dois romances e os fatos vividos pela sociedade brasileira durante a Ditadura Militar pós-64, observando com o autor recupera a memória individual e coletiva para a compreensão do tempo presente de seus personagens. Em Pessach encontramos uma mescla da história e da ficção, o que se pode perceber pelas diversas citações e situações da época, além de vários personagens facilmente reconhecíveis na história do Brasil. Nele Cony, ao descrever as facções de resistência à ditadura e ao governo da época, trata verdadeiramente de uma imensa quantidade de brasileiros que durante o regime militar flutuaram entre projetos e memória que constituiriam sua identidade. Também Romance sem palavras não abre mão nem do histórico nem do memorialístico. Seus personagens nunca existiram, são ficcionais, como também é ficcional o relacionamento entre eles. Entretanto é incontestável a inserção dos episódios por eles vividos num período histórico explicitamente citado e caracterizado no Brasil dos anos sessenta e setenta do século XX, fazendo novamente uso das relações entre ficção, história e memória. Assim, tanto Romance sem Palavras quanto Pessach: a travessia, ao discutirem a realidade vivida pelos personagens durante e após a Ditadura Militar no Brasil, recuperam a história e, sobretudo, possibilitam a análise de fatos, comportamentos e suas conseqüências para a realidade vivida neste início de século. Certamente as contribuições dessas obras tanto para a história quanto para a literatura reafirmam a importância da produção literária de Carlos Heitor Cony e abrem novas perspectivas para os estudos da história recente do Brasil e para o exercício de historicizar as narrativas literárias
ASSUNTO(S)
linguistica carlos heitor cony, brazilian literature, history, memory, identity, military dictatorship carlos heitor cony, literatura brasileira, história, memória, identidade, ditadura militar
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