Medicina de Família do Primeiro ao Sexto Ano da Graduação Médica: Considerações sobre uma Proposta Educacional de Integração Curricular Escola-Serviço

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. educ. med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2017-06

RESUMO

RESUMO Em contexto nacional e internacional, discute-se a formação médica devido às mudanças na sociedade contemporânea e suas demandas de saúde. No Brasil, preconiza-se a inserção do aluno na Atenção Primária à Saúde (APS) durante todo o curso médico. Tal inserção é dificultada pelos cenários práticos inadequados, pela falta de preceptores, pela formação insuficiente dos médicos generalistas para receber estudantes, pelos docentes sem capacitação adequada para o ensino na área e pela resistência de docentes de disciplinas tradicionais. Este artigo descreve e analisa um modelo de inserção da APS e Medicina de Família e Comunidade (MFC) em um curso médico no município de São Paulo, os desafios da articulação ensino-gestão e as ações que ajudam a enfrentá-los. A proposta parte de objetivos educacionais que visam desenvolver competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) para que o aluno possa oferecer cuidado integral, compreendendo o indivíduo no contexto de vida familiar, social e ambiental. Os conteúdos programáticos foram desenvolvidos para propiciar aprendizagem em grau crescente de complexidade, articulando saberes prévios com novos saberes. Deste ponto de partida, o desenvolvimento do projeto educacional tem como marca inovadora a combinação de planejamento e gestão educacional que adota as seguintes medidas para aprimorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem: (1) inserção dos alunos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do primeiro ano ao internato; (2) contratação de médicos de família como docentes da faculdade; (3) integração dos conteúdos dos módulos de Medicina de Família e APS com os conteúdos de outras disciplinas, como Epidemiologia, Políticas de Saúde e Medicina Baseada em Evidências; (4) metodologias de ensino problematizadoras adequadas à temática abordada e ao perfil do estudante e do docente; (5) avaliações formativas; (6) aprimoramento pedagógico para docentes e preceptores para o exercício do ensino em saúde; (7) práticas que estimulem o aluno a trabalhar em equipes interprofissionais; (8) incentivo a programas de intercâmbio nacionais e internacionais para alunos de graduação e de residência em MFC; (9) fomento à publicação de livros, artigos e pesquisa em APS. Entre os fatores facilitadores para o bom andamento dessa proposta de ensino, ressalta-se o fato de que MFC e APS são fundamentos axiais do projeto político-pedagógico do curso médico e se desenvolvem em uma instituição que tem longa história de assistência e ensino na área da saúde, contribuindo fortemente para a integração serviço-escola. A interlocução necessária às atividades didáticas nos cenários de prática se dá pela proximidade entre gestão local, preceptores e gestores-docentes. Outro fator de fortalecimento da proposta é o investimento na equipe de preceptores por meio de capacitação, participação na construção e na integração de conteúdos propostos nos módulos de MFC e a política de recursos humanos que os valoriza. Assim, considera-se que a apresentação desta iniciativa poda contribuir para o debate de modelos educacionais para inserção curricular da MFC e APS, seus desafios e possibilidades na educação médica contemporânea.

ASSUNTO(S)

educação médica modelos educacionais aprendizagem medicina de família e comunidade atenção primária à saúde

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