Meanings of health/desease maked in group in a community from family health program. / Sentidos de saúde/doença produzidos em grupo numa comunidade alvo do Programa de Saúde da Família (PSF).

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

O Programa de Saúde da Família (PSF) enfatiza a promoção de saúde visando à qualidade de vida das pessoas, privilegiando ações voltadas a comunidades específicas. Novos paradigmas vêm sendo pensados, numa tentativa de transformar a crise há tempos estabelecida na Saúde Pública, visando a uma produção em saúde sintonizada com a história e cultura locais. A perspectiva construcionista social, tendo em seus pressupostos a construção de sentidos sobre o mundo, na linguagem, através da relação entre as pessoas, aponta para a possibilidade de co-construção de um modelo de atenção em saúde entre profissionais e comunidade. O presente estudo, baseado nessa perspectiva, tem como objetivo: descrever sentidos de saúde/doença produzidos em grupos numa comunidade alvo de um PSF. Foram audiogravados cinco grupos de sessão única, distribuídos geograficamente pela área, realizados com pessoas dessa comunidade, convidadas a se reunirem na rua onde moram, em domicílio de um dos participantes. Foram transcritos, e junto às notas de diário de campo, constituem-se na base de dados. A análise, realizada em dois eixos, buscou tematizar: 1) Quando a questão é promover saúde – referida aos momentos em que os sentidos são produzidos pelas participantes falando do lugar de pessoas que gozam de saúde. Esse eixo foi dividido em quatro subtemas: Estar com problemas reflete na sua saúde – que trata dos momentos em que os fatores físicos, mentais e sociais são referidos como influenciadores da saúde/doença; Eu acho que tudo é tá de bem com a vida – que traz os momentos em que os conceitos sobre promoção de saúde foram tratados como fundamentais para a manutenção da saúde; Se não tiver saúde, não trabalha mesmo – que trata da relação entre trabalho e desemprego afetando o processo saúde/doença; e Ficar sem dinheiro é a pior doença – em que o dinheiro foi referido como fundamental para se estar com saúde. E o segundo eixo 2) Quando a questão é recuperar a saúde – referida aos momentos em que falam do lugar de pessoas adoecidas, necessitando de cuidados específicos em saúde. Esse eixo desdobrou-se em três subtemas: Ela tá com saúde. Tem até cartão do Posto – que analisa os momentos em que a saúde é referida como a possibilidade de acesso a serviços; Você pensa que eu tomei o remédio que a médica me deu? Ta fechadinho, em casa guardado – que trata do autocuidado na saúde caracterizado como a não-adesão a um tratamento; e A doença é bem pessoal – tratando-se da saúde/doença como um processo pessoal e singular. A análise buscou descrever o modo como estão sendo construídos os sentidos acerca das noções que vêm embasando as novas propostas em saúde, enfocando o ponto de vista da comunidade. As considerações finais deste trabalho apontam como possibilidade para transformação da crise da Saúde Pública, uma prática em saúde baseada na aproximação, conversação e negociação constante, não somente entre equipe de profissionais e comunidade, mas em todas as dimensões, desde os formuladores das políticas de saúde, até os executores e usufruidores.

ASSUNTO(S)

grupos comunitários processo saúde/doença health/illness process communitarian groups psf

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