Markers in cattle omasal digesta collection and gastrointestinal tract flow kinetics / Indicadores na coleta de digesta omasal e na cinética de trânsito do trato gastrintestinal de bovinos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Objetivou-se avaliar indicadores e sistemas de indicadores na coleta de digesta omasal; comparar a estimação da cinética de passagem de partículas e fluidos por diferentes indicadores e modelos matemáticos; avaliar a estimação da taxa de passagem pela técnica de esvaziamento ruminal e pelo ajustamento de modelo matemático não-linear; utilizando dois volumosos (cana-de-açúcar e silagem de milho) e dois níveis de concentrado (0 e 25%) na dieta de novilhas. Foram realizados três experimentos. No primeiro experimento, utilizaram-se quatro novilhas Nelore, fistuladas no rúmen, confinadas, alimentadas com feno de capim-Tifton (Cynodon spp.) ad libitum e 1 kg de concentrado (16% PB) por 32 dias, com quatro períodos de quatro dias cada. A adaptação à dieta experimental foi de sete dias e intervalo de três dias entre os períodos. Os quatro tratamentos avaliados compreenderam quatro tempos de infusão do Co-EDTA e do YbCl3 em diferentes fases da digesta omasal: uma (T1v), duas (T2v), quatro (T4v) e seis (T6v) vezes ao dia em intervalos iguais. Os tempos de coleta de digesta omasal compreenderam um período de 24 horas e intervalo de duas horas. Determinou-se o perfil nictemeral pelo modelo em série de Fourier. A concentração média do Co e do Yb não diferiu (P>0,05) entre os diferentes tempos de infusão e fases da digesta omasal, apresentando índice de variação inferior a 10%. O índice de variação e a amplitude de oscilação para ambos os indicadores foram menores para o T4v. Os índices de variação foram inferiores a 10%, com menores valores para a FDNi (0,66-2,07%), FDAi (1,16-4,46%) e LIPE (0,64- 2,96%) e maiores para Cr2O3 (2,52-9,64%) e TiO2 (2,75- 3,49%). Comparando a dimensão fundamental do ciclo excretório (c) nas fases da digesta omasal, excetuando a fase líquida (FL), os melhores valores (P<0,05) foram observados para a FDAi, Cr2O3 e LIPE, correspondendo a períodos fundamentais menores de 4,5 horas. As fibras indigestíveis (FDNi, FDAi) e o LIPE apresentam perfis nictemerais na digesta omasal mais estáveis que o Cr2O3 e o TiO2. No segundo experimento, utilizaram-se quatro novilhas Holandês-Zebu, fistuladas no rúmen e no íleo, mantidas em regime de confinamento com dieta à base de feno de capim- Tifton (Cynodon spp.) oferecido ad libitum e 1,2 kg de concentrado (22% PB). O experimento durou 39 dias, com três períodos de seis dias cada. A adaptação à dieta experimental e o intervalo entre os períodos foram de sete dias. Em cada período experimental, foram realizadas coleta total de fezes (1 ao 3 dia) e coleta de digesta omasal e ileal (4 ao 6 dia). Foram comparados três sistemas de indicadores para avaliar o fluxo de digesta omasal: único (FDNi, FDAi, Cr2O3, TiO2); duplo (associação do Co-EDTA ou do YbCl3 com os indicadores do sistema único); e triplo (associação entre o Co-EDTA e o YbCl3 com o sistema único). Para estimativa do fluxo ileal, foram utilizados apenas os indicadores únicos. Não houve efeito (P>0,05) do período de coleta sobre os fluxos omasal e ileal. O fluxo omasal foi melhor estimado pela FDNi, FDAi e associações com o Co-EDTA e o YbCl3. No terceiro e último experimento, utilizaram-se quatro novilhas Holandês-Zebu com fístulas no rúmen e íleo, em quadrado latino 4x4. As dietas consistiram de fatorial 2x2, dois volumosos (cana-de-açúcar e silagem de milho) e dois níveis de concentrado (0 e 25% da MS da dieta total). Do 8 ao 14 dia realizou-se a estimativa de trânsito de digesta com indicadores, a fibra mordantada com cromo (Cr) e complexada com európio (Eu) e itérbio (Yb) para marcar a fase sólida dos volumosos, e o complexo de cobalto-ácido etilenodiaminotetracético (Co-EDTA) para a líquida. No 8 dia foi realizada coleta de líquido ruminal e, do 14 ao 16 dia, esvaziamento ruminal. As curvas de concentração dos indicadores de fase sólida foram ajustadas aos modelos multicompartimental (G1(n) → O) e bicompartimental (G2→ G1→ O) e de fluidos ao modelo unicompartimental tempo- independente (G1 →) e tempo-dependente (G2 →). A k2 do modelo multicompartimental foi aproximadamente o dobro daquela do modelo bicompartimental, enquanto os k1 foram semelhantes. Tanto nos modelos multi como bicompartimental, a utilização do Yb resultou no comportamento gráfico e na uniformidade dos pontos menos adequado dentre os indicadores avaliados, enquanto que o Cr representou melhor os dados da taxa de passagem de sólidos. Comparando os modelos, o modelo multicompartimental foi melhor que o bicompartimental. Os modelos avaliados para a taxa de passagem de fluidos apresentaram comportamento semelhante, mas o desvio-padrão assintótico foi menor para o modelo tempodependente. O cromo e o Co-EDTA foram bons indicadores para avaliação da taxa de passagem de partículas e fluidos, respectivamente. Os modelos recomendados para a taxa de passagem de partículas foi o multicompartimental (G1 (n) → 0) e para fluidos o unicompartimental tempo- dependente (G2 →). Desta forma, compararam-se as dietas e os métodos de estimação da taxa de passagem de partículas utilizando esses indicadores e modelos. Foi verificado maior (P<0,05) consumo de MS e FDNcp pelos animais recebendo silagem de milho, e de MS e MO, quando alimentados com concentrado. Não houve efeito (P>0,05) do volumoso sobre a massa ruminal, mas a adição de concentrado reduziu (P<0,05) a massa ruminal de FDN na digesta total e na fase sólida. Os coeficientes de digestão total da PB, FDNcp e CNF foram maiores (P<0,05) para cana-de-açúcar que para silagem de milho. A adição de concentrado melhorou (P<0,05) a digestibilidade total da MO e de CNF. O pH ruminal foi maior (P<0,05) para a cana-de-açúcar e na dieta sem concentrado. A cana-de-açúcar apresentou menor concentração de N-NH3 em comparação à silagem de milho e não foi verificado efeito do concentrado. A coleta de digesta omasal pode ser realizada pelo sistema único, utilizando a FDNi, a FDAi ou o LIPE, ou o sistema duplo com Co-EDTA ou YbCl3, infundindo a cada seis horas, associado a FDNi ou FDAi. A amostragem de digesta pode ser feita a cada quatro horas, apenas no período diurno. Para a estimação da taxa de passagem da fração fibrosa são recomendados o cromo e o modelo multicompartimental (Gn) e, para a de fluidos, o Co-EDTA e o modelo unicompartimental tempo-dependente (G2). A estimação da taxa de passagem da fração fibrosa pelo método do eszaviamento ruminal, em relação aos modelos matemáticos, resulta em estimativa de cerca do dobro do valor. A silagem de milho ou a adição de 25% de concentrado na dieta de novilhas apresenta melhores resultados.

ASSUNTO(S)

microbial protein nictimeral profile proteína microbiana fibras indigestíveis non-digestible fibers perfil nictemeral nutricao e alimentacao animal

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