Marinobufogenin-induced status epilepticus, a substance isolated from Bufo paracnemis Lutz 1925 parotoids glands. / Status epilepticus induzido por Marinobufogenina, uma substância isolada das glândulas parotóides de Bufo paracnemis Lutz 1925

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

O principal enfoque desta pesquisa direcionou-se no sentido de isolar uma substância com forte poder convulsivante, presente nas secreções obtidas das glândulas parotóides do sapo Bufo paracnemis, Lutz, determinar sua estrutura química e realizar estudos farmacológicos centrais deste composto. Através de processos de fracionamento, utilizando o sistema de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), acoplado a uma coluna preparativa C-18 de fase reversa (shim-pack prep. ODS 2,5 x 30 cm), obtivemos essa substância pura em grandes quantidades. Sua estrutura química foi elucidada através da técnica de Ressonância Magnética Nuclear. Trata-se de um esteróide cardiotônico, um Bufadienolídeo, contendo um anel esteróide clássico, acoplado a um grupo lactônico, denominado Marinobufogenina (14beta -15beta - epoxi - 3beta - 5beta-dihidroxi - 20, 22 - bufadienolídeo). Nossos resultados, baseados em análise comportamental e eletrográfica, mostraram efeitos centrais induzidos pela administração sistêmica de Marinobufogenina em ratos e em camundongos. Os animais apresentaram severos efeitos neutóxicos, tais como movimentos circulares, automatismos gustatórios, taquipnéia, clonias de cabeça e de patas, tremores, convulsões tônico-clônicas generalizadas, status epilepticus e morte. A DL50 de Marinobufogenina foi de 10,5 1,5 mg/kg para camundongos e de 25,0 2,0 mg/kg para ratos, ambos por via intraperitoneal. A administração de Marinobufogenina também foi efetiva através de outras vias (subcutânea, oral, endovenosa, intramuscular). A forte atividade convulsivante dessa substância é dose-dependente e doses de 5,0 mg/kg para camundongos e de 20,0 mg/kg para ratos , ambos por via intraperitoneal, já evidenciam alterações comportamentais que evoluem para convulsões tônico-clônicas generalizadas, acompanhadas do registro eletroencefalográfico que apresenta descargas epilépticas no córtex e hipocampo. Marinobufogenina induziu o aparecimento de crises convulsivas culminando em status epilepticus que persistiu por mais de uma hora. Observou-se uma redução das convulsões em aproximadamente 80% dos animais tratados com Diazepam (10,0 e 12,5 mg/kg, i.p.), enquanto no registro eletroencefalográfico as crises epilépticas permaneceram em alguns dos animais submetidos a esse tratamento. O Fenobarbital (50 mg/kg, i.p.) não bloqueou as crises comportamentais induzidas por Marinobufogenina . A Fenitoína foi capaz de reverter as convulsões tônico-clônicas generalizadas em todos os animais do grupo, sugerindo uma ação através de envolvimento na alteração de cátions monovalentes. Estudos bioquímicos e eletrofisiológicos mais aprofundados deverão ser realizados para confirmar essa hipótese. Nossos resultados sugerem que a Marinobufogenina pode constituir-se numa ferramenta farmacológica para o desenvolvimento de um modelo experimental de epilepsia, uma vez que preencheu requisitos importantes, tais como : i) demonstrou a presença de atividade epileptiforme nos registros eletroencefalográficos; ii) as crises convulsivas foram bloqueadas por anticonvulsivantes como o Diazepam e Fenitoína, requisito essencial para a avaliação do efeito de novas drogas a serem utilizadas no tratamento da epilepsia.

ASSUNTO(S)

venenos de anfíbios - farmacologia fenobarbital diazepam farmacologia bufonidae epilepsia fenitoína farmacologia bufonidae bufonidae anticonvulsivos pharmacology

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