Maracatu Nação, uma corte sagrada afro-brasileira: um estudo sobre a transição religiosa na trajetória da figura do rei do Congo em Pernambuco

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este trabalho centra-se na importância da figura do rei do Congo, que têm, neste enfoque específico, sua origem na instituição sociopolítica africana no Reino do Congo, já existente na África, pela constituição de reinos ou impérios, antes da chegada dos portugueses, sendo a figura deste rei introduzida na metrópole portuguesa, por volta do século XV, por uma formulação teatral de uma embaixada congolesa. Neste contexto, tinham por atores a comunidade africana reunida em Lisboa, à volta da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, que possuía o beneplácito das autoridades. A documentação, embora rara nos séculos XVI e XVII, aparecem com freqüência no século XVIII e, já então simultaneamente em Portugal e no Brasil, sendo esta reprodução teatral inserida pela autoridade da Igreja Católica como a instituição que legitima o poder deste rei. Esta figura chega em território brasileiro como elemento de mediação e controle entre as autoridades locais e os africanos e, é no interior da Igreja Católica, com as irmandades, que a figura do rei do Congo ocupa seu novo cenário de ação, até o século XIX. No século XX, com novo perfil dual, entre o sagrado e o profano, transita a representação da figura do rei do Congo, em um artifício de sustentação de uma cultura identitária, para o maracatu-nação tradicional, sendo os terreiros de xangô pernambucano ou candomblé sua instância de fixação no espaço do sagrado. Na atualidade, em pleno século XXI, a figura do rei tem como significado, para além da esfera religiosa, a interação cultural afro-pernambucana e o retorno a teatralidade como função simbólica da valorização às origens africanas. Esta pesquisa busca analisar através do conceito de plausibilidade social de Peter Berger, a idéia de que a realidade é construção social, a partir das representações e desdobramentos da figura do rei do Congo, em primeira instância como uma figura idealizada, depois como elemento de controle e, após 1888, transitando da esfera do sagrado dos xangôs pernambucanos, para a corte do maracatu-nação. Neste sentido, buscamos trazer à luz, o contexto do sagrado ancorado em Mircea Eliade, que possibilita traduzir a história da hierofania do rei do Congo, na construção e na trajetória por diferentes espaços do sagrado. Palavras-chave: maracatu-nação tradicional, cultura negra, afro-brasileiro, sagrado, rei.

ASSUNTO(S)

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