Mapeando visões de acadêmicos sobre vascularização da pesquisa

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Ao longo do processo de escolarização são construídas imagens sobre as atividades da pesquisa e do pesquisador. No que tange à escolarização básica, instrumentos como o PISA e ROSE mapeiam algumas noções sobre a natureza da ciência e letramento científico, mas não são específicos o suficiente para delimitarem as compreensões sobre a atividade da pesquisa química. Com base nisso, estruturou-se um questionário pautado por três eixos temáticos que tendem a representar algumas das discussões acerca das translações que integram a atividade científica no coletivo: as liberdades e demandas na pesquisa, a academia como mediadora e a divulgação da ciência. O instrumento objetivou mapear algumas noções dos calouros de cursos de graduação em Química da região metropolitana de Porto Alegre sobre o que, com base nas contribuições de Bruno Latour, denominou-se de vascularizações da pesquisa. No quadro geral das opiniões dos calouros emergiu uma tendência voltada para a função social do conhecimento científico: aparentemente a pesquisa, atendendo aos interesses da população, objetiva a construção de conhecimento num processo de mediação que engloba interesses mercadológicos e governamentais. As prioridades atribuídas sobre a propriedade de um invento apresentados pelos respondentes pode supor um modelo no qual os dividendos são repartidos entre estes três agentes: o pesquisador, a instituição e quem financiou numa concepção de divisão tripartite , embora, em linhas gerais, a significativa importância atribuída ao pesquisador segue a tendência de focar a atividade de pesquisa sobre este, acrescida da emergência do papel institucional que surge como mais um moderador (ou talvez mediador) frente às outras instâncias. Aos calouros, há uma transposição dos interesses como das Empresas Públicas e dos Órgãos de Financiamento de Pesquisa, para além do âmbito da pesquisa, englobando a própria instituição, o que implica numa perspectiva que parece engendrar uma situação onde os limites entre pesquisa e academia não são claramente definidos. Usando a terminologia de Latour poder-se-ia dizer que a vascularização da pesquisa é tal que não há uma solução de continuidade entre os atores, antes um emaranhamento de redes de distribuição e captação de recursos e informações, de humanos e não-humanos. Com relação às concepções que parecem emergir das análises de itens como o de confiança nas informações, há uma ênfase no papel do sujeito especialista frente à uma desconfiança forte com relação ao Governo. Se o conjunto das concepções tivesse apenas um viés acadêmico-disciplinar, se manteria a ênfase no sujeito especialista, mas não necessariamente numa repulsa pela instância governamental o que implica, justamente, em uma posição político -epistêmica denominada por Latour de ciência nº1, em contraposição à Pesquisa, ou ciência nº2.

ASSUNTO(S)

divulgação científica quimica : pesquisa cientifica

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