Manifestações respiratórias (asma brônquica, tosse crônica e rinossinusite crônica) e doença do refluco gastroesofágico : perfil de esofagomanometria e pHmetria esofágica de 24 horas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A associação entre manifestações respiratórias e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é bem conhecida, embora permaneça controversa em alguns aspectos, mormente no que tange ao perfil dos achados da avaliação funcional esofagiana. O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil da esofagomanometria e pHmetria esofágica ambulatorial de 24 horas em pacientes referidos para estes exames por apresentarem asma, tosse crônica e rinossinusite crônica com e sem sintomas digestivos de DRGE. Os resultados foram comparados com o perfil da avaliação funcional esofagiana encontrado em pacientes referidos por apresentarem sintomas digestivos da DRGE sem manifestações respiratórias, bem como foi avaliada a prevalência de refluxo gastroesofágico (RGE) nestes grupos de pacientes. Os pacientes foram submetidos a esofagomanometria estacionária com cateter perfundido de 6 canais de pressão seguida de pHmetria esofágica ambulatorial de 24 horas com 1 eletrodo distal (Synectics, Polygram and Esophogram). Os dados analisados incluíram: à esofagomanometria - tônus e extensão do esfíncter esofagiano inferior (EEI), tônus do esfíncter esofagiano superior (EES) e o perfil motor do corpo do esôfago; à pHmetria esofágica de 24 horas – percentual do tempo total do estudo com pH inferior a 4, percentual do tempo em ortostatismo, percentual do tempo em posição supina, no de episódios de RGE e escore (DeMeester). Os resultados foram comparados entre os pacientes referidos para o estudo por apresentarem manifestações respiratórias com e sem sintomas digestivos de DRGE, bem como entre estes e os pacientes com sintomas digestivos apenas. Foram estudadas 1080 esofagomanometrias e 1063 pHmetrias. Dentre as manometrias, 622 foram realizadas em portadores de manifestações respiratórias (asma=168, tosse=389 e rinossinusite=65). Dentre estes, 360 exames foram considerados anormais (57.8%), mormente às custas de disfunção motora do corpo do esôfago sem hipotonia do EEI. Dentre os 458 pacientes com sintomas digestivos de DRGE apenas, 76.6% foram anormais, também às custas de disfunção motora do corpo do esôfago, porém com hipotonia do EEI. Dentre as pHmetrias, 613 foram executadas em portadores de manifestações respiratórias (asma=164, tosse=398 e rinossinusite=51). Dentre estes pacientes, encontramos 38.8% de exames anormais com um predomínio de RGE em posição supina. Nos 450 pacientes portadores de sintomas digestivos apenas, 56.2% dos exames foram anormais, prevalecendo o RGE combinado (RGE tanto em posição ortostática quanto durante o decúbito). Concluimos que o perfil da avaliação funcional esofagiana dos portadores de manifestações respiratórias com e sem sintomas digestivos caracteriza-se por elevada prevalência de disfunção motora do corpo do esôfago e predomínio de RGE em posição supina. O perfil dos pacientes com sintomas digestivos apenas, caracteriza-se por disfunção motora do corpo do esôfago associada a hipotonia do EEI, com RGE combinado (ortostático e supino). A elevada prevalência de pHmetrias anormais nos portadores de manifestações respiratórias, sobretudo naqueles sem sintomas digestivos, sugere e reforça a possibilidade de "RGE silencioso" como coadjuvante importante das manifestações respiratórias.

ASSUNTO(S)

doenças respiratórias manometria phmetria esogágica de 24 horas refluxo gastroesofágico asma sinusite tosse

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