Manifestações bucais da sífilis: estudo retrospectivo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Tendo em vista o aumento da incidência de sífilis em vários países europeus, norte americanos e na América Latina e uma recente preocupação em relação à transmissão desta doença na prática odontológica observados na literatura, o objetivo deste estudo foi avaliar retrospectivamente os dados sóciodemográficos da sífilis diagnosticada na população atendida no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) no período de 1999 a 2006 e verificar nesta mesma população a ocorrência da sífilis e suas manifestações bucais. No período do estudo, 1.229.964 pacientes foram atendidos no HC-UFU, dos quais 637 tiveram o diagnóstico de sífilis cadastrado no setor de Nosologia. Dos 637 prontuários revisados 298 foram incluídos no estudo após avaliação dos dados clínicos e laboratoriais. Dados quanto ao gênero, idade, raça, procedência, manifestação clinica e presença de lesões bucais, foram coletados, organizados e descritos. Os dados em relação à ocorrência da sífilis ao longo do período estudado foram submetidos à análise estatística. Dos casos incluídos, 99 foram sífilis congênita e 199 de sífilis adquirida. Destes últimos, 101 casos ocorreram no gênero masculino. A idade variou de 16 a 81anos, com média de 36,5 anos e picos na terceira, quarta e quinta décadas. A raça branca foi a mais acometida (57%). Dos 199 casos de sífilis adquirida 2,5% foram classificados como sífilis primária, 16,5% secundária, 24,5% latente, 4% terciária, 44% foram considerados tratados e 8,5% não puderam ser classificadas. Infecção por HIV ocorreu em 13,5% dos casos de sífilis adquirida. No período estudado a ocorrência de sífilis foi baixa na amostra estudada (0,024%) e mostrou pouca variação ao longo dos anos com uma queda estatisticamente significante apenas entre 2004 e 2005, não sustentada no ano seguinte. O estudo sugeriu que a alta freqüência de diagnósticos de sífilis congênita pode refletir os esforços direcionados a esse tipo de diagnóstico, devido ao programa de erradicação da sífilis congênita lançado pelo Ministério da Saúde, em 1993. As manifestações bucais estiveram presentes em 5% dos casos de sífilis adquirida e quando excluídos os casos de sífilis latente e tratada onde a doença é assintomática este percentual chegou a 15,8%, dos quais a maioria (60%) apresentou-se na forma de úlcera. Dos pacientes que apresentaram manifestações bucais 4% eram HIV positivos. Considerando-se a raridade da transmissão não sexual da sífilis e a baixa ocorrência da mesma encontrada no presente trabalho sugere-se que o risco de transmissão da doença na prática odontológica é baixo na amostra estudada.

ASSUNTO(S)

epidemiologia boca - sífilis epidemiology sífilis doenças sexualmente transmissíveis syphilis sexual transmissible disease manifestações orais odontologia oral manifestations

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