Manejo da diversidade genética de milho como estratégia para a conservação da agrobiodiversidade no Norte de Minas Gerais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/02/2011

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo compreender o manejo da diversidade genética de milho em comunidades de agricultores familiares do norte de Minas Gerais a partir de dois componentes: 1) diagnóstico do sistema informal de manejo e, 2) ensaios locais de variedades de milho. Os trabalhos de campo foram realizados no período de novembro de 2008 a junho de 2010. Para o diagnóstico do sistema informal de manejo da diversidade genética de milho, foram realizadas entrevistas, por meio de questionário semi-estruturado. Outras coletas de dados e de informações se deram durante os encontros com cada grupo de agricultores. Além dos registros feitos a partir da vivência destes momentos, também se fez uso de registros fotográficos. Na primeira fase de acompanhamento e avaliação, realizada em 2008-2009, foram instalados nove ensaios nas seguintes localidades: o primeiro foi implantado na AEFA em Montes Claros, os demais nas comunidades Sambaíba, Barra do Tamboril e Pau dÓleo, em Januária, assentamento Tapera, em Riacho dos Machados, na área do STR de Varzelândia, em Varzelândia, na comunidade Itapicuru, em Porteirinha e na Aldeia Vargens/Xakriabá, em São João das Missões. Na segunda fase, realizada em 2009-2010, os ensaios foram implantados nas mesmas localidades, com exceção de Varzelândia e Porteirinha, em que foram instalados na comunidade Vereda e Mocambo da Onça, respectivamente. Além disso, o trabalho foi ampliado para mais três localidades: assentamento Americana, em Grão Mogol, comunidade Jardim, em Rio Pardo de Minas e assentamento Vale do Guará, em Vargem Grande do Rio Pardo. Diferentemente da fase 2008-2009, na fase 2009-2010 foi adotada a avaliação visual das espigas em que cada grupo selecionou algumas variedades, a partir dos seus próprios critérios de seleção, preferências e necessidades. Verificou-se que os agricultores familiares participantes da pesquisa ainda conservam em uso uma quantidade considerável de variedades de milho. Isto tem sido garantido pela experimentação constante, pela permanência dinâmica das redes informais de intercâmbio de sementes e de conhecimentos. A realização dos ensaios possibilitou aos agricultores participantes conhecerem outras variedades, divulgarem aquelas que cultivam, além de possibilitar o intercâmbio de sementes e o incremento da diversidade de milho em seus agroecossistemas, além de contribuírem para a identificação de importantes fontes genéticas para os diferentes sistemas agroecológicos, comprovando o potencial produtivo das variedades locais. As comunidades de agricultores demonstraram sua capacidade de participar com qualidade e efetividade nas iniciativas de experimentação sendo necessário, para tanto, valorizar e integrar, de fato, os seus conhecimentos que são fruto de seu fazer prático e reflexivo. As iniciativas de apoio da Rede Norte Mineira da Agrobiodiversidade têm refletido positivamente nas redes informais estudadas, principalmente, pelo caráter participativo e pelo reconhecimento e valorização da contribuição das comunidades de agricultores na conservação e no manejo da agrobiodiversidade.

ASSUNTO(S)

milho semente agroecologia agrobiodiversidade minas gerais, norte

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