Mamíferos e a regeneração da palmeira Attalea dubia em uma área de Mata Atlântica na região Sudoeste do Estado de São Paulo, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/05/2012

RESUMO

A sobrevivência, distribuição espacial e densidade das plantas podem ser mediadas pelas interações entre animais e plantas. Alguns modelos (como de Janzen-Connell) assumem que a probabilidade de sobrevivência de sementes e plântulas é menor ao redor da planta-mãe devido à intensa predação de sementes e herbivoria, sugerindo que a dispersão de sementes tenha um papel fundamental na regeneração. Os mamíferos de grande porte são reconhecidos por desenvolverem um importante papel na dispersão de sementes. A caça e fragmentação de hábitats ameaça a regeneração de muitas espécies de plantas que dependem de animais de grande porte para dispersar suas sementes. O presente estudo foi dividido em dois capítulos, a primeira parte desse trabalho é dedicada a investigar a relação entre a dispersão e predação de sementes, mortalidade de plântulas e a distância de plantas adultas, de forma a verificar o papel de mamíferos dispersores de sementes na regeneração e distribuição espacial da palmeira Attalea dubia em floresta nativa preservada. O segundo capítulo é uma comparação entre predação de sementes não dispersas de A. dubia em três contextos ambientais: em uma área contínua, uma área fragmentada e uma pastagem. O estudo foi realizado no Parque Estadual Carlos Botelho, região sudoeste do Estado de São Paulo e em seu entorno. Foi observada a fenologia de floração e frutificação da palmeira pelo período de um ano (outubro de 2010 a setembro de 2011). Observações focais de plantas, complementadas com o uso de armadilhas fotográficas, permitiram registrar quais mamíferos consomem seus frutos. Informações sobre predação de sementes e experimentos de remoção, combinadas com observações da distribuição espacial de plântulas e palmeiras adultas, foram realizados para uma melhor compreensão sobre o papel de animais na regeneração da espécie e o teste da hipótese de Janzen-Connell. Para comparar a predação de sementes em diferentes contextos ambientais foram coletadas sementes sob a copa da planta-mãe. Sementes predadas foram classificadas de acordo com o agente de predação (roedores ou insetos). A frutificação de A. dubia ocorreu ao longo de todo o ano com diferentes estágios de maturação. As seguintes espécies de mamíferos foram visualizadas interagindo com frutos/sementes de A. dubia: Cebus nigritus, Guerlinguetus ingrami, Philander frenatus e roedores sigmodontíneos não identificados. A distância da remoção de sementes e frutos de A. dubia por pequenos mamíferos foi baixa (4 metros), sendo que a maioria das sementes não foi removida. Sementes distantes da planta-mãe permaneceram mais intactas que sementes ao redor da mesma, corroborando a hipótese de Janzen-Connell. No segundo capítulo, a predação por roedores foi maior no fragmento que na floresta contínua e bem reduzida no pasto. A predação por invertebrados foi reduzida na floresta contínua frente ao fragmento. Não houve compensação na predação de sementes, de forma que a predação por invertebrados não aumentou na ausência de roedores. É possível que os mamíferos desempenhem um papel importante para a dinâmica populacional da palmeira Attalea dubia. Embora eles não sejam essenciais para a sobrevivência da palmeira, uma vez que a planta recruta mesmo em locais com ausência de mamíferos de maior porte, a atividade de mamíferos de pequeno porte parece ser suficiente para explicar a distribuição espacial da palmeira no Parque Estadual Carlos Botelho. Assim pode-se inferir que a importância dos mamíferos de pequeno porte em relação à eficiência no processo da dispersão de sementes está sendo subestimada. Alterações na predação de sementes podem levar à dominância de algumas espécies vegetais, reduzindo a diversidade vegetal em longo prazo. Invertebrados em fragmentos e na pastagem não parecem compensar a predação de sementes de Attalea dubia efetuada principalmente por roedores na floresta contínua. O aumento na abundância de A. dubia verificado em áreas muito perturbadas e bordas de fragmentos pode ser decorrente da menor predação de sementes nestas áreas.

ASSUNTO(S)

biodiversidade - conservação - mata atlântica ecologia das florestas tropicais ecologia seed dispersion and predation spatial distribution plant ecology janzen-connell hypothesis

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